Porque o carro no Brasil é tão caro?
Especialistas
destacam os altos impostos cobrados no país como fator determinante para os
preços superiores a outros mercados, como o americano

Os preços exorbitantes são decorrência de um
conjunto de fatores: carga tributária excessiva, gastos elevados com
matéria-prima, mão de obra e logística, falta de competitividade, margem de
lucro maior do que no exterior, demanda crescente e consumidores dispostos a
pagar mais. Tudo isso faz com que os brasileiros gastem pelo menos o dobro que
os americanos na compra de um Toyota Corolla ou de um Hyundai ix35. Ou 94% a
mais na aquisição de um Audi A3. Exemplos não faltam. Enquanto nos Estados
Unidos a carga tributária que incide sobre um veículo médio é de apenas 5,7%,
no Brasil chega a 30,4%. Quase um terço do valor que o carro é vendido numa
concessionária. Isso porque neste cálculo só estão embutidos os impostos
diretos (IPI, ICMS e PIS/Cofins). Se somados também os indiretos, a mordida
esbarra em 40%. No Japão e na Alemanha, países considerados referência no setor
automotivo, a carga tributária é de 9,1% e de 16%, respectivamente.
A redução do IPI, adotada já por várias vezes com o
objetivo de estimular o mercado de veículos e evitar demissões, foi uma medida
paliativa. Ao baixar a alíquota do imposto em até sete pontos percentuais, o
governo federal criou um benefício transitório e não resolveu o problema da
carga tributária pesadíssima que emperra a indústria nacional.
A redução do IPI é um incentivo artificial, e todo
incentivo artificial quebra a harmonia da lei de mercado", afirma Luiz
Carlos Mello, diretor do Centro de Estudos Automotivos (CEA) e ex-presidente da
Ford Brasil. "A indústria automotiva ganha no curto prazo porque antecipa
as vendas, mas perde no longo prazo porque não vai buscar os remédios
Um levantamento feito com cinco automóveis
diferentes comercializados no Brasil, nos Estados Unidos e no México mostra que
o brasileiro é quem mais precisa abrir a carteira para adquirir um veículo zero
quilômetro atualmente.
Devido ao fato de que em mercados internacionais
alguns modelos contam com opcionais não disponibilizados no território nacional
e vice-versa, a pesquisa considerou a versão mais básica dos carros, mas sempre
com a mesma motorização. A exceção foi o Golf (*). A opção mais simples do
compacto da Volkswagen é vendida com motor 1.8 nos Estados Unidos, mais potente
do que o 1.4 comercializado no Brasil e no México.
Os preços abusivos cobrados aqui são formas do
governo brasileiro se recuperar de um momento instável. “O Brasil é um dos
países onde a carga tributária mais pesa na economia e com os níveis
de juros reais dos mais altos do mundo. É como se o governo punisse com
impostos muito altos as empresas que produzem”.
Fonte: garagem360.com.br e Veja
Gaspar Moura dos Santos