segunda-feira, 20 de junho de 2016

Porque o carro no Brasil é tão caro?



 Porque o carro no Brasil é tão caro?
Especialistas destacam os altos impostos cobrados no país como fator determinante para os preços superiores a outros mercados, como o americano
Você já deve ter se deparado com diversos comparativos de preços de carros no Brasil e em outros países. Não é novidade que os veículos vendidos em território nacional não são dos mais baratos. O motivo, no entanto, pouca gente sabe ao certo. Especialistas em economia citaram a alta carga de impostos brasileiros como principal razão para explicar a diferença de valores daqui e do exterior.
Os preços exorbitantes são decorrência de um conjunto de fatores: carga tributária excessiva, gastos elevados com matéria-prima, mão de obra e logística, falta de competitividade, margem de lucro maior do que no exterior, demanda crescente e consumidores dispostos a pagar mais. Tudo isso faz com que os brasileiros gastem pelo menos o dobro que os americanos na compra de um Toyota Corolla ou de um Hyundai ix35. Ou 94% a mais na aquisição de um Audi A3. Exemplos não faltam. Enquanto nos Estados Unidos a carga tributária que incide sobre um veículo médio é de apenas 5,7%, no Brasil chega a 30,4%. Quase um terço do valor que o carro é vendido numa concessionária. Isso porque neste cálculo só estão embutidos os impostos diretos (IPI, ICMS e PIS/Cofins). Se somados também os indiretos, a mordida esbarra em 40%. No Japão e na Alemanha, países considerados referência no setor automotivo, a carga tributária é de 9,1% e de 16%, respectivamente.
A redução do IPI, adotada já por várias vezes com o objetivo de estimular o mercado de veículos e evitar demissões, foi uma medida paliativa. Ao baixar a alíquota do imposto em até sete pontos percentuais, o governo federal criou um benefício transitório e não resolveu o problema da carga tributária pesadíssima que emperra a indústria nacional.
A redução do IPI é um incentivo artificial, e todo incentivo artificial quebra a harmonia da lei de mercado", afirma Luiz Carlos Mello, diretor do Centro de Estudos Automotivos (CEA) e ex-presidente da Ford Brasil. "A indústria automotiva ganha no curto prazo porque antecipa as vendas, mas perde no longo prazo porque não vai buscar os remédios
Um levantamento feito com cinco automóveis diferentes comercializados no Brasil, nos Estados Unidos e no México mostra que o brasileiro é quem mais precisa abrir a carteira para adquirir um veículo zero quilômetro atualmente.
Devido ao fato de que em mercados internacionais alguns modelos contam com opcionais não disponibilizados no território nacional e vice-versa, a pesquisa considerou a versão mais básica dos carros, mas sempre com a mesma motorização. A exceção foi o Golf (*). A opção mais simples do compacto da Volkswagen é vendida com motor 1.8 nos Estados Unidos, mais potente do que o 1.4 comercializado no Brasil e no México.
Os preços abusivos cobrados aqui são formas do governo brasileiro se recuperar de um momento instável. “O Brasil é um dos países onde a carga tributária mais pesa na economia e com os níveis de juros reais dos mais altos do mundo. É como se o governo punisse com impostos muito altos as empresas que produzem”.
Fonte: garagem360.com.br e Veja
Gaspar Moura dos Santos