(foto:
Divulgação/TvBrasilia)
Logística que incluiu
alteração de rota foi planejada para evitar “atravessadores” externos e
possibilidade de confisco pelo governo federal
Em março, o governador do Maranhão reservou a compra de um lote
de respiradores de uma fábrica de Santa Catarina, mas viu o governo federal
bloquear a transação e distribuir os equipamentos segundo seus critérios.
Com a ajuda de uma importadora maranhense, Dino negociou
diretamente com uma empresa chinesa, que enviou os equipamentos e suprimentos
médicos para a Etiópia, escapando da rota que passaria pela Europa – onde
poderia ser desviada.
foto: Divulgação/RBA
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB),
montou o que foi classificado como uma verdadeira “operação de guerra” para
conseguir trazer 80 respiradores e 200 mil máscaras da China para seu estado.
Antes disso, em outras três oportunidades, reservas dos equipamentos haviam
sido atravessadas pelos Estados Unidos e Alemanha, que pagaram mais aos
fornecedores chineses e ficaram com os respiradores. E pelo governo federal,
que confiscou os produtos para distribuir conforme suas próprias prioridades.
A saída encontrada pelo governo maranhense para
assegurar a chegada dos equipamentos foi alterar a rota de compra, trazendo as
mercadorias pela Etiópia.
Após o desembarque em São Paulo, a carga seguiu
para o Maranhão e somente no estado passou pela inspeção da Receita Federal,
evitando uma possível retenção na chegada do exterior.
De acordo com o governo do Maranhão e matéria do jornal Folha
de S.Paulo, parte dos equipamentos foi comprada com recursos doados pela
iniciativa privada.
A Secretaria Estadual de Saúde informou que
empresário locais doaram até o momento mais de R$ 10 milhões para auxiliar no
combate ao coronavírus.
“Se não fizéssemos dessa forma, demoraríamos três
meses para conseguir essa quantidade de respiradores. Assim que os equipamentos
chegaram já os conectamos para ampliar a nossa oferta de leitos de UTI”, disse
ao jornal o secretário estadual de Indústria e Comércio, Simplício Araújo.
Segundo ele, 60% dos leitos de UTIs do estado estão ocupados.
A operação teria custado, segundo o jornal, R$ 6
milhões, envolvendo 30 pessoas. Em vídeo, o governo estadual anuncia que
mais 80 respiradores chegarão ao Maranhão nos próximos dias.
“Vários estados estão com problemas similares.
Pedimos ajuda de transporte ao governo federal e não conseguimos. Penso que até
o avião presidencial deveria ser usado para buscar equipamentos de saúde
comprados na China ou outro país. Nada é mais importante no momento”, disse
Flávio Dino em seu perfil no Twitter.
Em
São Paulo, a carga foi colocada em um avião fretado e enviada direta para o
Maranhão, onde passou pela Receita Federal. A estratégia, de evitar a liberação
na Alfândega em São Paulo, foi montada para que os equipamentos não fossem
retidos pelo governo Bolsonaro. Os equipamentos desembarcaram na capital
maranhense São Luís na terça-feira (14).
“Se
não fizéssemos dessa forma, demoraríamos três meses para conseguir essa
quantidade de respiradores. Assim que os equipamentos chegaram já os conectamos
para ampliar a nossa oferta de leitos de UTI”, disse Araújo à Folha. A operação
levou 20 dias, ao custo de 6 milhões de dólares.
Fonte: Rede Brasil Atual (RBA) e CB Braziliense