“Uma coisa é ter ideologia na vida pessoal, outra
coisa é transportar essa ideologia à vida profissional, para seguir servilmente
ao patrão”
Fernando Haddad no JN
Por Arcírio Gouvêa Neto, publicado originalmente na
Revista Fórum
Como jornalista, diretor da ABI (Associação
Brasileira de Imprensa) e secretário de uma comissão de defesa da liberdade de
expressão, me sinto envergonhado vendo o jornalismo brasileiro acabar de ser
vilipendiado e ultrajado por Willian Bonner e Renata Vasconcellos nesta sessão
de inquisição aos melhores moldes dos inquisidores da Idade Média. Isso não foi
e jamais será jornalismo.
Trabalhei em duas oportunidades no jornal O Globo,
desfrutei da companhia de mestres do jornalismo da empresa e tenho certeza
absoluta que mesmo os jornalistas do passado que lá trabalharam se vissem o que
vi hoje estariam tão revoltados quanto eu. Uma coisa é você ter sua ideologia política
na vida pessoal, outra coisa é você transportar essa ideologia à vida profissional,
para seguir servilmente à determinação do patrão. Já vi muita gente boa se
recusar a fazer um papel asqueroso como o dessa dupla essa noite e eu sou uma
delas.
Sinto pelo trabalho correto e ilibado de velhos
companheiros que deram a vida pelo engrandecimento da imprensa em nosso país e
não mereciam o que aconteceu hoje. Acho que o mínimo que poderia ocorrer em um
estado democrático de direito é sua população se indignar com o que houve essa
noite.
Quem perde não é o PT e nem Lula ou Haddad é a
liberdade do pensamento e da expressão de uma nação inteira.
Uma noite pra ser esquecida, diria Carlos Heitor
Cony