terça-feira, 29 de maio de 2018

Lição 10 Vivendo neste presente século


3 de junho de 2018.

Texto Áureo
Tito 2.12
“Ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente”.

Verdade Aplicada
O referencial, em todas as áreas da vida, para o discípulo de Jesus viver neste mundo é a Palavra de Deus e a capacitação é dada pelo Espírito Santo.

Objetivos da Lição
Mostrar algumas marcas do presente século;
Ressaltar a necessidade de viver no presente século como uma nova criatura;
Explicar o que é despojar, renovar e revestir a partir de Efésios 4.

Glossário
Derredor: Ao redor, em torno, em volta;
Diretrizes: conjunto de instruções;
Modus vivendi: Modo de viver.

Leituras complementares
Segunda Lv 18.1-4
Terça Dt 4.1-8
Quarta Mt 5.13-16
Quinta Rm 12.1-21
Sexta Cl 3.1-25
Sábado Tt 2.11-15

Textos de Referência.
Efésios 4.17-21
17 E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade do seu sentido,
18 entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus, pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração,
19 Os quais, havendo perdido todo o sentimento, se entregaram à dissolução, para, com avidez, cometerem toda impureza.
20 Mas vós não aprendestes assim a Cristo,
21 Se é que o tendes ouvido e nele fostes ensinados, como está a verdade em Jesus,

Hinos sugeridos.
15, 111, 456

Motivo de Oração
Ore pelos cristãos que estão na frente dos trabalhos evangelísticos.

Esboço da Lição
Introdução
1. Algumas marcas no presente século.
2. Vivendo como nova criatura.
3. Despojar, renovar e revestir.
Conclusão

Introdução
Fomos libertos da escravidão do pecado, salvos pela maravilhosa graça de Deus, mas continuamos a viver neste mundo. Estamos no mundo, mas não somos do mundo (Jo 17.14, 16).

1. Algumas marcas do presente século.
Vivemos num mundo que nos desafia a todo o tempo. Esta é uma era de grandes transformações. Mudanças estão cocorrendo em todos os aspectos da vida. Alguns estudiosos afirmam que vivemos um período de “explosão do conhecimento”.

1.1. Influências do presente século.
Uma das marcas do final do século XX e início do XXI é o papel central da informação e do conhecimento aliado à globalização. A rapidez e a superficialidade dos relacionamentos, tanto entre os seres humanos, como também entre a pessoa e Deus, são outras características marcantes dos dias de hoje. Tais ocorrências têm influenciado profundamente o ser humano de forma integral: relacionamentos (social e familiar), psicológico, físico, espiritual, entre outros.

Parece que o salmista retrata o presente século, quando constata a desconstrução de conceitos, o descarte dos bons costumes, as mudanças de valores e dos fundamentos morais: “que pode fazer o justo?” (Sl 11.3). Pois, afinal, os discípulos de Jesus Cristo foram libertos do poder do pecado, salvos pela graça de Deus que se manifestou, chamados por Deus para a santificação, feitos templos do Espírito Santo e pertencem a Deus, a quem devem glorificar no corpo e no espírito (Tt 2.11-12; Ef 2.1-10; 1Ts 4.7; 1Co 6.19-20).

1.2. Desafios do discípulo de Cristo.
Contudo, mesmo após a sobrenatural experiência, tão radical, grandiosa e transformadora, ao ponto de a Bíblia designá-la de “novo nascimento” ou “ressurreição” (1Pe 1.23; Cl 3.1), continuamos no mundo. Isto é, morando no mesmo endereço, em contato com as mesmas pessoas, trabalhando na mesma empresa, estudando na mesma escola, comprando, vendendo, negociando, votando, passeando, brincando, passando por alguns momentos difíceis.

Estamos rodeados por um “sistema de crenças, valores, costumes e princípios” tão contrário à Palavra de Deus e somos bombardeados diariamente por uma quantidade enorme de informações diversificadas e influenciadoras. Eis um tremendo desafio: viver neste presente século como um discípulo de Jesus Cristo!

1.3. Mundo: estamos, mas não somos.
Alguns textos bíblicos descrevem o mundo, no sentido espiritual, como um sistema que está em competição com Deus, pois adota um “modus vivendi” sem considerar a vontade de Deus e o relacionamento do discípulo de Cristo com o mesmo. Lembremo-nos de que o “espiritual” influencia todas as áreas da vida humana: Jesus disse que os Seus discípulos estão no mundo, mas não são do mundo (Jo 17.14, 16); pois o mundo aborrece os que são discípulos de Jesus (Jo 15.18).

Não podemos nos deixar sermos seduzidos pelas falsas religiosidades do mundo (Tg 1.26). O mundo está no maligno (1Jo 5.19). Ser amigo do mundo é ser inimigo de Deus (Tg 4.4). O discípulo de Cristo não deve se apegar às paixões mundanas (1Jo 2.15-17). O discípulo de Cristo não recebeu o espírito do mundo (1Co 2.12); “não vos conformeis com este mundo” (Rm 12.2).

2. Vivendo como uma nova criatura.
Após uma breve constatação sobre algumas marcas do “presente século”, precisamos prosseguir na reflexão, pois não basta apenas conhecer as características deste mundo (no presente estudo, sempre no sentido enfatizado no tópico anterior), mas, sim, viver no presente século como uma nova criatura.

2.1. Luz e sal no mundo.
A Bíblia não apenas identifica as características do presente século e registra alertas de Deus, como também ressalta que o discípulo de Cristo permanece um tempo neste contexto e dá diretrizes de como viver. A vida do discípulo de Cristo não resume apenas em uma experiência pessoal, que se restringe somente à vida privada do ser humano. O poeta e pastor inglês John Donne escreveu: “Nenhum homem é uma ilha”, O próprio Jesus, ao orar pelos discípulos, pediu ao Pai não para tirá-los do mundo, mas para que os livrasse do mal e fossem santificados, pois estavam sendo enviados ao mundo para anunciar o Evangelho, enquanto aqui permanecessem (Jo 17.15-18).

O Senhor disse que os Seus discípulos devem ser “sal da terra” e “luz do mundo” e que os homens devem ver as boas obras em nós para que Deus seja glorificado (Mt 5.13-16). Ou seja, como discípulos de Cristo, devemos viver neste mundo conforme nossa identidade, pois, se assim não for, seremos como um sal sem sabor ou uma luz invisível.

2.2. Diferentes para fazer a diferença.
O chamado de Deus para que o Seu povo seja diferente vem desde o Antigo Testamento. Quando libertou o povo de Israel da escravidão no Egito, antes de introduzi-lo na Terra Prometida, Deus os levou ao Monte Sinai. Ali, deu orientações e ordenanças que deveriam nortear a vida do Seu povo durante o restante da peregrinação no deserto e quando se estabelecessem em Canaã. Deus disse que o Seu povo não deveria viver  segundo os costumes do povo do Egito, onde haviam vivido tantos séculos, nem conforme os costumes do povo de Canaã, para onde o Senhor os estava levando (Lv 18.1-5)

O povo de Israel, por ter o Senhor como o seu Deus, deveria viver segundo os princípios e a ética divina em todas as áreas da vida: cultuar a Deus, serviço a Deus; relação familiar; relação social; trabalho. Ou seja: ser diferente! Para nós, discípulos de Jesus no século XXI, a ordenança divina não é diferente. Ao refletirmos nas palavras de Jesus, encontramos expressões bastante significativas: “não faça... como fazem...”; “não sejas como”; “não useis... como”; “Não vos assemelheis, pois a eles...” (Mt 6.2, 5, 7-8). Ou seja, Jesus está dizendo: sejam diferentes!

2.3. Relacionamentos com Deus e a Sua Palavra.
Considerando as marcas do presente século mencionadas anteriormente e o fato de “Não sermos uma ilha”, a tendência é o conformismo, é sermos absorvidos pela cultura do mundo em que vivemos, é deixar-nos sermos conduzidos pela “moda”, é sermos envolvidos. Porém, assim como Deus falou para Israel, continua alertando o Seu povo neste tempo para não nos moldarmos ao sistema deste mundo (Rm 12.1-2). Desse modo, é preciso estarmos alertas, pois a mistura enfraquece, como aconteceu com Efraim (Os 7.8-9).

O professor e teólogo escocês F.F. Bruce, em seu comentário da Carta aos Romanos (capítulo 12), escreveu sobre como o povo de Deus deve viver, tendo em vista to o que Ele faz (registrado em Romanos 1 a 11): “Em vez de viverem pelos padrões de um mundo em desacordo com Deus, os crentes são exortados a deixar que a renovação das suas mentes, pelo poder do Espírito, transforme as suas vidas harmonizando-as com a vontade de Deus. É pelo poder do Espírito neles, penhor da sua herança no século vindouro, que podem resistir à tendência de viverem ao nível ‘deste século’”. É o que a Bíblia enfatiza sobre a ação do Espírito Santo na vida do discípulo de Cristo (Rm 8.5, 8-9; 2Co 3.17-18; Gl 5.16). Devemos viver pelo poder do Espírito e pelas instruções e diretrizes encontradas na Palavra de Deus. Interessante que o próprio Deus falou com o povo de Israel que os povos ao redor constatariam que se tratava de uma nação sábia e entendida, com um modo de viver diferente, a partir de duas características observadas: relacionamento e comunhão com Deus; e Palavra de Deus como referencial de fé e conduta para a vida (Dt 4.1-8). Infelizmente, ao longo da história de Israel, o povo não atentou para seguir estas instruções e advertências, ocasionando muitas derrotas e sofrimentos. Se misturaram com os povos pagãos e aprenderam as obras que desagradavam a Deus (Sl 106.35).

3. Despojar, renovar e revestir.
As três expressões que intitulam este tópico foram extraídas de Efésios 4. É interessante notar que as cartas paulinas são compostas de ensino e prática. Primeiro, é feita a exposição doutrinária; as verdades que norteiam a vida cristã; a ação divina para nos resgatar (Ef 1 a 3; Rm 1 a 11; Cl 1 e2; 1Ts 1 a 3; etc.). A seguir a ênfase é a conduta, o comportamento daquele que segue a doutrina exposta.

3.1. Doutrina e prática.
Nos três primeiros capítulos da epístola aos Efésios encontramos doutrina, princípios, plano de Deus; nos últimos três capítulos (4 a 6) a ênfase é o dia a dia, a prática da vida cristã, o viver do discípulo de Jesus Cristo em cada área da vida. Ser discípulo de Cristo é mais do que conhecimento e profissão de fé; é um novo viver. Antes da conversão, do novo nascimento, o discípulo de Jesus vivia segundo a natureza pecaminosa. Mas, depois da conversão, ainda que outros ao derredor continuem vivendo assim, o discípulo vive segundo novos padrões, pois tem um novo estilo de vida.

Precisamos compreender que há um grande contraste entre uma vida antes e depois do novo nascimento. Como enfatizado no tópico anterior, em Efésios também encontramos um chamado para sermos diferentes (Ef 4.17).

3.2. A importância da mente.
Interessante a ênfase do apóstolo Paulo quanto à importância da mente para um viver coerente com a fé que professamos em Cristo (Rm 12.2; Ef 4.17-21; Cl 3.2). Nós temos a mente de Cristo (1Co 2.16). Em Efésios 4.17-21, primeiro Paulo diz que viver dos que não nasceram de novo é resultado do entendimento obscurecido, da mente vazia, ignorância e teimosia. Em seu comentário sobre este texto, A. Barry escreveu acerca da sociedade pagã: “Ao perder a concepção viva de um Deus vivo, também perdeu a concepção do alvo e da perfeição da vida humana; e, assim sendo, passou a vagar sem alvo, sem esperança, sem cuidado”. Então, antes de falar das atitudes do discípulo de Cristo, Paulo diz que o mesmo aprendeu, ouviu e foi instruído acerca do novo viver.

É preciso vencer a tendência natural de achar que o intelecto humano e o discernimento por si só são suficientes para nos guiar numa vida que agrade a Deus. John Stott escreveu: “Pensar diferente, para viver diferente, pois o que plantamos em nossas mentes, repetimos em nossas ações”. O Senhor Jesus disse que devemos amar a Deus, também, com toda a nossa mente (Mt 22.37). Isso requer de nossa parte um constante exercício, como: formar o hábito de se concentrar constantemente em Deus (Sl 16.8; Is 26.3) – trata-se de um verdadeiro desafio, considerando que vivemos num tempo de inúmeras distrações e entretenimentos; memorizar passagens bíblicas; ver a vida à luz de uma perspectiva bíblica e cristã (como José – Gn 45.5-8; 50.20); orar com as Escrituras (MT 6.9-13; Ef 3.14-21; Cl 1.9-11).

3.3. Atitudes que fazem a diferença.
A seguir o texto de Efésios 4.22-24 destaca que é fundamental um contínuo despojar-se (v. 22), uma contínua renovação (v. 23) e um contínuo revestimento (v. 24). É preciso despojar-se das práticas da natureza pecaminosa do “velho homem”, com suas paixões descontroladas, engano e uma vida alheia em relação a Deus. É mais do que necessário cultivar a mente em constante renovação por intermédio da Palavra de Deus e uma contínua busca em oração sobre a vontade de Deus. É importante também vestir-se “com a nova natureza”, retratada por um viver correto e dedicado a Deus.

Doutrina e ética, crença e comportamento devem caminhar juntos e com coerência na vida do discípulo de Jesus. Este processo dinâmico na vida do discípulo de Cristo de tirar, renovar e acrescentar, a partir da ação da Palavra de Deus e do Espírito Santo, é que faz a diferença para vivermos no presente século “sóbria, e justa, e piamente” (Tt 2.12) ou “uma vida prudente, correta e dedicada a Deus” (NTLH). É um processo que abrange uma ética individual, social e teísta. São nossos deveres para conosco (1Tm 4.16), com o próximo (MT 22.39 – relacionamento horizontal) e com Deus (Rm 12.1 – relacionamento vertical).

Conclusão.
Como discípulos de Jesus Cristo, devemos viver no presente século com atitudes pessoais e diárias de devoção, adoração e serviço a Deus e aos semelhantes (Rm 12). É o nosso culto “espiritual e autêntico”, enquanto estivermos neste mundo.

Questionário.
1. Desde quando vem o chamado de Deus para que o Seu povo seja diferente?
R: Desde o Antigo Testamento (Lv 18.1-5).

2. Qual a tendência do presente século?
R: O conformismo (Rm 12.1-2).

3. Por que é preciso estarmos alertas?
R: Porque a mistura enfraquece (Os 7.8-9).

4. Quais as três expressões extraídas de Efésios 4?
R: Despojar, renovar e revestir (Ef 4).

5. O que Efésios 4.22-24 destaca?
R: Que é fundamental um contínuo despojar-se, uma contínua renovação e um contínuo revestimento (Ef 4.22-24).

Fonte: Revista de Escola Bíblica Dominical, Betel, Aperfeiçoamento Cristão – Propósito de Deus para o discípulo de Cristo. Adultos, edição do professor, Comentarista Pastor Marcos Sant’Anna da Silva 2º trimestre de 2018, ano 28, Nº 107, publicação trimestral.