O projeto utiliza a Muvuca, como é chamada a
técnica de plantio com mistura de sementes de diferentes espécies para recuperação
ambiental de áreas degradadas | Foto: Rogério Assis/ISA
Uma área de pelo menos 4 milhões de hectares,
equivalente ao tamanho da Suíça ou a 4 milhões de campos de futebol, foi
destruída na Amazônia nas últimas décadas e essa degradação, segundo especialistas,
criou um abismo difícil de ser reduzido até mesmo parcialmente - como pretende
fazer um projeto alardeado como "incrivelmente audacioso" e "o
maior da história" nesse campo.
A iniciativa, anunciada na abertura do festival de
música Rock in Rio, em setembro, quer recuperar 30 mil hectares e devolver 73
milhões de árvores à floresta brasileira até 2023. A previsão é de que as ações
sejam intensificadas em 2018.
A perspectiva significa, na prática, recompor 4,52%
do que foi desmatado somente entre agosto de 2016 e julho de 2017 (6.624
quilômetros quadrados, mais de 600 mil hectares) e resolver 0,75% do
desmatamento total acumulado que atinge uma área de pelo menos 4 milhões de
hectares.
"Apesar de ser sempre louvável que algo seja
feito, ao invés da inação, o projeto é completamente insuficiente para
compensar, minimamente, o que é destruído", diz o pesquisador senior do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Antonio Donato Nobre.
Lançamento de mistura de sementes em projeto que
prevê a recuperação de 30 mil hectares da floresta e o plantio de 73 milhões de
árvores | Foto: Rede de Sementes do Xingu/ISA
'Muvuca'
O projeto prevê, entre outras, a utilização de uma
técnica de semeadura chamada "muvuca", uma mistura de sementes
espalhada na terra para tentar chegar o mais próximo possível ao comportamento
da floresta.
A muvuca será usada principalmente nos primeiros
hectares, como os da bacia do rio Xingu, e em outras cujas caraterísticas
locais propiciam o uso da técnica.
O custo médio por hectare chega a ser 3 a 4 vezes
menor do que os métodos mais tradicionais, como o plantio de mudas, diz Rodrigo
Medeiros, da CI-Brasil. "Além da escala, o que torna o custo menor é o mix
de técnicas que serão utilizadas, que vai desde a semeadura direta de sementes
até a condução de regeneração natural", acrescenta.
Na maioria das áreas a mistura é semeada com a
ajuda de máquinas. Nas menos extensas, é feita manualmente.
"Por meio dessa técnica, cada uma das espécies
vai cumprindo uma função dentro do ecossistema, que vai desde ajudar a
enriquecer o solo, até trazer mais diversidade, propiciar condições para que os
dispersores de sementes (pássaros, insetos, répteis e mamíferos), possam entrar
nessa área e o princípio básico é: tentar imitar a dinâmica da floresta. Imitar
como ela faria por conta própria", descreve Junqueira, do Instituto
Socioambiental.
Segundo ele, será possível ver que as sementes
viraram floresta - ou caminham para isso - depois de três anos, quando as
árvores estarão com um porte mais avantajado. Em 10 anos, estima, será possível
identificar as espécies que predominam.
'Parte da
solução'
Lançadas oficialmente à terra em novembro de 2016,
as primeiras sementes da iniciativa começam a brotar na bacia do rio Xingu,
onde 122,6 mil hectares de florestas foram desmatadas entre agosto de 2016 e
julho de 2017.
Agora, 2 milhões de árvores estão sendo restauradas
em uma área de 800 hectares.
"Hoje sabemos que no mínimo 4 milhões de
hectares de florestas foram destruídos na Amazônia de maneira ilegal e
desnecessária nas últimas décadas e precisam ser restaurados", diz Rodrigo
Medeiros, vice-presidente da Conservation International para o Brasil
(CI-Brasil), uma das entidades que conduzem o projeto. "Queremos ser parte
dessa solução."
O reflorestamento é feito em parceria com o braço
ambiental do Rock in Rio, o Ministério do Meio Ambiente, o Instituto
Socioambiental e o Banco Mundial.
Articulação
"A maioria das experiências anteriores de
restauração registradas na Amazônia não alcançam 30 mil hectares, sem contar
com o fato de que eram iniciativas singulares, sem a articulação que estamos
promovendo agora", diz Medeiros.
Quando oficialmente anunciada, em setembro de 2017,
a iniciativa foi descrita pelo CEO da Conservation, M. Sanjayan, como
"incrivelmente audaciosa".
A declaração foi propagada por diversos veículos
nacionais e internacionais, e acrescentava: "Juntamente com uma aliança de
parceiros, estamos realizando o maior projeto de restauração de florestas
tropicais no mundo, reduzindo o custo de restauração no processo".
E a ideia, segundo o vice-presidente da
Conservation no Brasil, é agregar mais parceiros e recursos para ampliar as
ações.
"Temos um horizonte de seis anos com recursos
garantidos, mas não podemos esquecer que a meta assumida pelo Brasil no Acordo
de Paris, com restauração, vai até 2030. Então, temos muito trabalho pela
frente."
Rodrigo Medeiros, da Conservation International:
Articulação de parceiros é vantagem em projeto na floresta | Foto: Priscila
Steffen/Conservação Internacional
Acordo
O acordo de Paris, que ele cita, é um compromisso
mundial para reduzir a emissão de gases que causam mudanças no clima.
Por meio desse acordo, o Brasil quer restaurar 12
milhões de hectares de vegetação, até 2030 - número que corresponde a 60% dos
20 milhões de hectares estimados como passivo, ou tamanho do problema gerado
pelo desmatamento em todo o território nacional. E isso vai além da Amazônia.
Medeiros considera que o objetivo do projeto que
conduz é "grande" se comparado à escala do que foi feito
anteriormente, mas admite que "pode parecer pequeno" se considerada
"a escala do compromisso assumido pelo Brasil".
Embora não zere o passivo que existe, a expectativa
é que os 30 mil hectares da iniciativa se somem a outros para que os 12 milhões
pretendidos como parte do Acordo sejam atingidos.
A meta brasileira é chegar ao ano 2025 com emissões
de gases 37% menores que em 2005 e alcançar 43% de queda em 2030.
Para isso, além de estimular o replantio e a
restauração da vegetação, o governo se comprometeu a aumentar a participação de
bioenergia sustentável na matriz energética para aproximadamente 18% e a
alcançar uma participação estimada de 45% de energias renováveis na composição
da matriz.
Hoje, energia eólica, energia solar e biomassa, que
integram a lista das fontes renováveis, representam uma fatia somada de 16,75%
da potência instalada, de acordo com dados da Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel).
imagem Getty Images Árvore
na Amazônia: Segundo especialista, "para que recuperação de florestas
tenha chance de fazer frente às mudanças climáticas", passivo do
desmatamento deve ser eliminado
País teria
que plantar 2 mil árvores por minuto
Mesmo que do ponto de vista do reflorestamento não
seja o único caminho vislumbrado para o cumprimento desse acordo, o projeto da
Conservation International é usado como base por especialistas para mostrar o
longo caminho que o país tem a percorrer.
De acordo com Antonio Donato Nobre, do INPE, as 73
milhões de árvores previstas no projeto "representam apenas 25 dias de
destruição pelo ritmo médio do desmatamento nos últimos 40 anos" e, se
plantadas em um ano, corresponderiam a algo em torno de 13% do requerido para
repor o que foi destruído no mesmo período.
O cálculo considera a perda provocada por corte
raso, que é a eliminação da vegetação, normalmente para dar lugar a pastos ou
plantações.
"Para plantar um número de árvores equivalente
ao que foi destruído seria necessário, em um ano, plantar por volta de um
bilhão de árvores ou 2 mil por minuto", estima. Pelo projeto, entretanto,
seriam cerca de 14,16 milhões de árvores por ano, até 2023.
Segundo o pesquisador, "para que a recuperação
de florestas na Amazônia tenha qualquer chance de fazer frente às mudanças
climáticas locais e regionais - decorrentes do próprio desmatamento - é preciso
que o passivo de desmatamento seja eliminado.
"A não recuperação desse passivo continuará a
permitir a degradação de florestas devido à mudança climática em curso
(mortalidade por secas sucessivas e degradação por fogo), e esta degradação
comprometerá - e já está comprometendo - o compromisso mínimo do Brasil no
acordo de Paris."
Antonio Donato Nobre, pesquisador senior do INPE,
alerta para a necessidade de soluções na Amazônia | Foto: Cedida / Inpe
Área maior
que a Paraíba estaria em risco
Em um cenário em que a marcha pró-recuperação da
floresta mede forças - em posição de desvantagem - com uma escala enorme de
desmatamento, a realidade descrita por pesquisadores é avaliada como
"alarmante". E a tendência preocupa.
"Se houver um comportamento futuro igual ao do
passado, significa que, entre 2023 e 2030 (anos considerados marcos para o
projeto da Conservation International e para o Acordo de Paris), teremos um
desmatamento de 65 mil a 75 mil quilômetros quadrados, uma área bastante
superior a todo território da Paraíba e mais de 3 vezes o território de Sergipe",
diz o doutor em economia, professor visitante do Middlebury College (EUA) e
pesquisador da Universidade Federal do Paraná, Rodolfo Coelho Prates.
O cálculo toma por base uma média de desmatamento
de 11 mil quilômetros quadrados por ano, ou de 1 milhão e 100 mil hectares, que
ele diz ter sido alcançada nos últimos 15 anos.
Só no período de agosto de 2016 a julho de 2017,
dados do INPE mostram que a taxa atingiu 6.624 quilômetros quadrados de corte
raso.
O resultado indica uma diminuição de 16% em relação
a 2016, quando ficou em 7.893 quilômetros quadrados, e de 76% ante a taxa
registrada em 2004, quando o Governo Federal lançou o Plano para Prevenção e
Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm).
Nobre, do INPE, afirma que não há, porém, o que
comemorar. "Há que se confrontar o passivo", diz, avaliando a
degradação de florestas como "catastrófica".
Rodolfo Coelho Prates, pesquisador: "Direitos
de propriedade e outras questões influenciam degradação na Amazônia" |
Foto: Cedida
Cabeceira
dos rios
Pará, Mato Grosso, Rondônia e Acre estão entre os
Estados onde o problema é mais crítico. Estão também entre os alvos
prioritários no projeto que a Conservation International desenvolve na
floresta, com parceiros.
O projeto abrange áreas nas cabeceiras e ao longo
dos rios considerados essenciais para manter a regularidade hídrica na região.
O ponto de partida das ações foi a bacia do rio
Xingu, onde o plantio começou em novembro de 2016 e se estendeu até 2017, na
porção da bacia situada no Mato Grosso.
O plantio chegou a 1,5 milhão de árvores, com
sementes colhidas e beneficiadas por índios e agricultores familiares, diz
Rodrigo Junqueira, coordenador do programa Xingu - do Instituto Socioambiental
(ISA) - e conselheiro da Associação Rede de Sementes do Xingu, que forneceu as
sementes usadas nessa etapa do projeto.
imagem Getty Images Árvore
na Amazônia: Segundo especialista, "para que recuperação de florestas
tenha chance de fazer frente às mudanças climáticas", passivo do
desmatamento deve ser eliminado
Na área, foi utilizada a técnica muvuca de plantio,
mais adequada às características locais.
Na lista das que foram plantadas estão, por
exemplo, Abóbora, Angelim da Mata, Angico Cuiabano, Jatobá, Ipê Amarelo, Ipê
Roxo, Baru, Carvoeiro, Caroba da Mata, Mirindiba, Murici, Guadu, Banana Brava,
Oi da Mata, Feijão de Porco e Urucum.
Semente de espécie nativa da Amazônia: Diversidade
é uma das características em reflorestamento que está em curso na área | Foto:
Tui Anandi/ISA
Reflorestamento
demandará US$ 10 milhões
Para chegar à área pretendida de 30 mil hectares, o
projeto demandará um investimento total de US$ 10 milhões, equivalente a R$ 33
milhões. O custo médio por hectare gira em torno de US$ 3 mil (R$ 9,93 mil).
O custo do primeiro milhão de árvores foi bancado
pelo Rock in Rio, com recursos próprios e angariados junto ao público. O
segundo milhão será pago pela CI e os demais pelo projeto Paisagens
Sustentáveis da Amazônia, iniciativa financiada pelo Fundo Global para o Meio
Ambiente (GEF), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e implementado no
Brasil pelo Banco Mundial tendo a CI e o Funbio como executores.
Em 2018, diz Medeiros, serão selecionadas as áreas
e organizações que irão trabalhar na restauração dos próximos 28 mil hectares.
A escolha será feita nos Estados do Pará, Amazonas, Acre e Rondônia. A
expectativa é que os trabalhos em campo comecem no segundo semestre.
"Esse é de fato o início do processo de
destravamento dessa agenda no Brasil e esperamos que, dentro dos próximos anos,
a área em restauração cresça exponencialmente com várias iniciativas como
essa", ressalta o executivo.
Área em restauração no Mato Grosso: especialistas
reconhecem importância de projetos, mas apontam que força do desmatamento é
maior | Foto: Eduardo Malta Campos Filho/ISA
'Divisor de
águas'
Para o governo federal, políticas lançadas em 2017
são "um divisor de águas" do ponto de vista da restauração da
vegetação e ações como o projeto da Conservation International não são
inexpressivas. Mas há desafios.
Segundo o diretor do Departamento de Florestas e
Combate ao Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, Jair Schimitt, a lista
inclui fortalecer a cultura de recuperação no país, viabilizar fontes de
financiamento e criar - além de dar musculatura - a uma cadeia produtiva, com
produção de mudas, coleta de sementes e aperfeiçoamento das técnicas usadas,
por meio de pesquisa e desenvolvimento.
Iniciativas nesse sentido são previstas no Plano
Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), lançado em novembro de
2017 como principal instrumento de implementação da Política Nacional para
Recuperação da Vegetação Nativa (Proveg), instituída em janeiro.
Tais políticas, diz Schimitt, dão diretrizes e
estímulos para que mais ações aconteçam.
"Agora que temos instrumentos políticos
robustos queremos induzir a disponibilidade financeira (para projetos na
área)", exemplifica o diretor.
Com base em estimativas da academia, ele afirma que
seriam necessários R$ 50 bilhões ou mais para recuperar os 12 milhões de
hectares previstos no Acordo de Paris. "Mas não quer dizer que o governo
tenha que aportar esse recurso. Grande parte desse desmatamento é ilegal e é
dever de quem fez isso recuperar o que foi destruído."
Coleta de frutos em área na
Amazônia: Sementes para projeto de reflorestamento são colhidas e beneficiadas
por índios e agricultores familiares | Foto: Tui Anandi/ISA
Schimitt estima que os projetos de recuperação no Brasil
somem, atualmente, 70 mil hectares. Mas afirma que a lista deverá crescer.
Por meio do "Paisagens Sustentáveis", por
exemplo, a pretensão é recuperar 28 mil hectares nos próximos seis anos, o que
deverá demandar um aporte de US$ 60 milhões (R$ 198 milhões) junto ao GEF,
principal fundo de financiamento ambiental no mundo.
Também foi lançada uma chamada pública da ordem de
R$ 200 milhões para recuperação da vegetação na Amazônia. "Espera-se (com
isso) de 15 mil a 20 mil hectares ou mais sendo financiados", diz,
ressaltando que, "na história do país, recuperar a vegetação nunca esteve
em uma agenda prioritária", mas que "o assunto começou a se tornar
importante" ao ser posto como compromisso dentro do Acordo de Paris e ao
ser objeto de novas políticas.
"Essa iniciativa da Conservation
International, se olharmos outras que estão em execução, é bastante robusta,
porque promover a recuperação da vegetação nativa não é algo simples e fácil,
que vai acontecer da noite para o dia", diz Schimitt. "Então, a exemplo
dessa iniciativa, o que a gente quer é fomentar outras dessa natureza ou ainda
maiores para que, gradativamente, possamos atingir os resultados
almejados."
Jair Schimitt, do Minsitério do Meio Ambiente:
Políticas lançadas em 2017 devem estimular recuperação de florestas | Foto:
Gilberto Soares/MMA
Por que
preservar e reflorestar importa?
Pós-doutor em Ecologia e Gestão da Biodiversidade,
Rodrigo Medeiros, da Conservation International, explica que manter a floresta
em pé traz benefícios como a regulação do clima do planeta e do ciclo
hidrológico - o movimento contínuo da água dos oceanos, continentes
(superfície, solo e rocha) e na atmosfera.
"Cada hectare de floresta restaurada funciona
como uma espécie de bomba dupla que ao mesmo tempo absorve carbono da
atmosfera, reduzindo os efeitos das mudanças climáticas, enquanto bombeia para
a atmosfera milhares de litros de água, sob a forma de vapor, essencial para a
manutenção do regime hidrológico do continente", explica.
A retirada de árvores contribui para tornar o clima
"inóspito", segundo os especialistas, e pode transformar grandes
extensões territoriais do Brasil em desertos.
"Devemos lembrar que aproximadamente 60% das
chuvas que caem sobre o Sudeste, Sul e Centro Oeste são provenientes da
Amazônia. E sem floresta a chuva não alcança tais regiões", diz o
pesquisador Rodolfo Coelho Prates.
imagem Getty Images Árvore derrubada na Amazônia:
Desmatamento ameaça o clima e também traz outros riscos, segundo especialistas
Zerar
Mas mais importante do que recuperar a vegetação é
zerar o desmatamento, reforça o pesquisador. Mas ele opina que o ambiente atual
não conspira a favor disso.
"Atualmente, é possível observar que, no
ambiente institucional, o setor ruralista enfrenta um momento favorável, que
reflete em segurança jurídica e políticas voltadas ao setor. Isso propicia o
aumento do desmatamento", afirma.
Ele faz referência, por exemplo, ao "Novo
Código Florestal, que anistiou desmatamentos anteriores e flexibilizou
restrições, principalmente a área de reserva legal; o perdão de dívidas
previdenciárias (Funrural) - o que eleva a capacidade financeira dos produtores
potencializando a expansão das atividades e, consequentemente, elevando o
desmatamento - e mudanças na legislação trabalhista".
Na visão do especialista, políticas públicas
ligadas à questão envolvem ações para coibir o desmatamento ao mesmo tempo em
que, de outro lado, o levam a avançar. Como exemplo do que gera a expansão das
áreas desmatadas, ele cita o crédito rural e gastos para ampliação do sistema
rodoviário que possibilitam, segundo o pesquisador, o avanço e a penetração de
atividades econômicas em áreas que não alcançavam.
"Mas o maior problema na Amazônia é em relação
aos direitos de propriedade. Pelo fato dos direitos não estarem bem definidos,
há um imenso conflito pelas terras e suas riquezas minerais e florestais,
envolvendo indígenas, ribeirinhos, madeireiros e grandes produtores
rurais", diz, acrescentando que "os dois últimos grupos detêm capital
e consequentemente poder econômico e poder político e têm grande interesse no
desmatamento".
Prates também analisa que o Planaveg, na sua
concepção geral, não tem novidades em relação ao Plano Nacional de Florestas,
de 2000, por exemplo. E aponta: "Apenas nesses 17 anos o desmatamento
totalizou 452.302 quilômetros quadrados, o que representa uma área superior a
todo o território da Suécia". "Portanto, é mais um que se soma a
tantos outros planos ineficazes."
Fonte:BBC Brasil
Fonte:BBC Brasil