terça-feira, 28 de novembro de 2017

Santificação: vontade e chamado de Deus para nós.



3 de dezembro de 2017

Texto Áureo
Hebreus 12.14
“Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”.

Verdade Aplicada
A santificação é o aspecto prático da salvação, consistindo de um processo que envolve mudança do caráter e da maneira de viver.

Objetivos da Lição
Ensinar que a santificação em todo cristão deve progredir cada vez mais;
Revelar a importância da santificação interior, pois a batalha contra o pecado é decidida no campo da mente;
Mostrar que a santificação é a vontade de Deus para Sua Igreja.

Glossário
Concupiscência: cobiça por bens materiais; desejos sensuais e sexuais;
Mortificar: impor punição ou castigo a alguém ou a si mesmo; tornar(se) amortecido;
Palmilhar: Percorrer, andar.

Leituras complementares
Segunda Rm 15.16
Terça 1Co 6.11
Quarta 1Ts 4.6
Quinta 2Ts 2.13
Sexta Hb 4.12
Sábado 1Pe 1.2

Textos de Referência.
1 Tessalonicenses 4.2-4, 7, 8
2  Porque vós bem sabeis que mandamentos vos temos dado pelo Senhor Jesus.
3  Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição,
4  Que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra.

7  Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação.
8  Portanto, quem despreza isto não despreza ao homem, mas, sim, a Deus, que nos deu também o seu Espírito Santo.

Hinos sugeridos.
5, 432, 440

Motivo de Oração
Ore para que nossas crianças, adolescentes, jovens e adultos cresçam embasadas na Palavra.

Esboço da Lição
Introdução
1. A importância da santificação.
2. O caminho da santificação.
3. Abrangência e aplicação.
Conclusão

Introdução
A santificação é um processo desencadeado a partir da regeneração, aplicado no viver diário do nascido de novo, pela ação do Espírito Santo e da Palavra de Deus.

1. A importância da santificação.
Verificamos a grande relevância deste tema estudando o caráter de Deus, os diversos sentidos deste termo e sua relação com a vontade de Deus para nós, além da afirmação bíblica: “...santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).

1.1. Santidade, um dos atributos de Deus.
É interessante iniciar o estudo da santificação pelo caráter de Deus. Quando Moisés e os filhos de Israel entoam um cântico ao Senhor, após a travessia do Mar Vermelho, enfatizando o agir de Deus e, a seguir, cantam: “Quem é como tu, glorificado em santidade...? (Êx 15.11). Notemos o versículo 13: “o levaste à habitação da tua santidade”. Ele é Santo e Seu plano é nos conduzir à santificação. O próprio Deus afirma: “Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv 19.2). Os seres celestiais declaram a santidade de Deus (Is 6.3), e Jesus Cristo chama de Santo o Pai (Jo 17.11).

  • A santidade indica Sua absoluta pureza moral. Ele não pode pecar, não tolera o pecado e aborrece o pecado. O Senhor Deus comunicou esta verdade de várias maneiras no Antigo Testamento: mandamentos; sacerdócio; tabernáculo; sacrifícios, entre outras. É muito importante que atentemos para essa doutrina.

1.2. Santificação: sentidos e significados.
Tanto a expressão hebraica “godesh” como a grega “hagiasmos” admitem diversos termos relacionados ao tema: santidade, consagração, santificação, separação. A ênfase do sagrado no Novo Testamento já não recai sobre coisas, lugares ou ritos, mas às manifestações da vida produzidas pelo Espírito Santo. A ideia básica, tanto nas terminologias hebraicas e gregas, é de “separação do uso comum para dedicação a Deus e ao seu serviço”.

  • Em Romanos 6.19, 22; 1 Tessalonicenses 4.3-4, 7; 1 Timóteo 2.15; e Hebreus 12.14 trata-se de pureza de coração e vida, santidade. Em 2 Tessalonicenses 2.13, santificação produzida pelo Espírito Santo (1Pe 1.2). Em 1 Coríntios 1.30, onde Jesus Cristo, para nós, “foi feito por Deus...santificação”.

1.3. Santificação: chamado e vontade de Deus.
Interessante pensar, a princípio, sobre alguns pensamentos populares: “ninguém é santo”; “não sou santo”. São ditos usados várias vezes como argumentos para um viver “acomodado” e justificativas incompatíveis com o padrão bíblico para o discípulo do Senhor. Como se fosse uma “utopia” falar e buscar viver em santificação. Por isso, a importância da presente lição, pois trata-se de um assunto que é fruto de nosso relacionamento com Deus. Somos eleitos de Deus, em Cristo Jesus, para sermos “santos e irrepreensíveis” (Ef 1.4), pois a vontade de Deus é a nossa santificação (1Ts 4.3).

  • Deus nos chamou para a santificação (1 Ts 4.7). Ao meditarmos em tão relevante tema, precisamos fazê-lo a partir da Sagradas Escrituras e não de nossas limitações, imperfeições e “achismos”. No livro do profeta Isaías, capítulo 6, encontramos um exemplo desta ordem: primeiro é revelado ao profeta a santidade de Deus; a seguir ele reconhece sua impureza e confessa; então Deus age para purificá-lo.

2. O caminho da santificação.
Considerando o exposto no tópico anterior, é preciso “seguir”, ou, como encontramos em outras versões, “procurem e se esforcem” e “esforçai-vos”, ou, ainda, a expressão referente na língua grega “persegui” a santificação (Hb 12.14). Deve ser desejada por todos que já nasceram de novo, constantemente. Precisamos seguir pelo caminho da santificação.

2.1. Não confundir com legalismo.
O apóstolo Paulo alertou aos Colossenses e a Timóteo sobre o engano e a ineficácia de condutas e comportamentos como fonte de santidade (Cl 2,20-23; 1Tm 3.5). É um caminho apenas de aparência. É um caminho somente de esforço pessoal, como se a santificação fosse consequência de produção humana. O texto menciona “aparência de piedade”, descreve uma “mera forma externa”, que pode ser retratada no vestir, no falar e no agir. Os gibeonitas, na época de Josué, usaram deste artifício (Js 9.4-14). É preciso atenção, também, para não enganarmos a nós mesmos quanto ao que tem aparência de piedade, porém sem nenhum efeito para mortificar os desejos da natureza pecaminosa. 

  • Não se trata aqui de rejeitar os bons costumes, o pudor, a decência, um linguajar que edifica, pois a boa doutrina produz bons costumes, mas, sim, a crença de que os bons costumes produzem santificação. Este não é o caminho da santificação. O processo inicia dentro do ser humano e não fora. Pois afinal, somos pecadores e, por isso, pecamos. Não o contrário: pecamos, por isso somos pecadores. O esforço humano não elimina o pecado.

2.2. Não confundir com manifestações espirituais.
Cremos na atualidade dos dons espirituais e na necessidade de todo discípulo de Jesus Cristo buscar a ousadia e o fervor pelo Espírito Santo para proclamar o Evangelho. Contudo, também é bíblico profetizar, expulsar demônio e fazer muitas maravilhas não é atestado de santificação (Mt 7.21-23). Notemos o que Jesus falou: “praticais a iniquidade”. Ou seja, clamavam “Senhor, Senhor!”, porém continuavam a viver dominados pela concupiscência da carne.

  • Revestimento de poder e os dons espirituais contribuem para a confirmação da Palavra de Deus proclamada, concedem ousadia, contribuem para que o Senhor Deus seja glorificado, atraem pessoas para ouvir o plano de salvação. No entanto, biblicamente, não há menção que eles caracterizavam uma pessoa que vive em santificação. Em Mateus 7.15, o Senhor Jesus Cristo fala acerca da contradição entre o exterior e o interior de uma pessoa.

2.3. O caminho do estar e andar.
São inúmeros os textos bíblicos que enfatizam “estar em Cristo”, “andar nele”, “andar em Espírito” quanto aos que já passaram pela experiência da regeneração. Nascemos de novo, somos participantes da natureza divina, agora é necessário ir deixando muitas práticas da velha natureza, mortificando os desejos pecaminosos que vão surgindo e adotando condutas e comportamentos coerentes com a vida de discípulo de Jesus Cristo, templo do Espírito Santo. Não é uma vida estática, mas dinâmica. Contudo, só é possível este “despojar” e “se revestir” se estivermos em Cristo Jesus, andando nEle, sendo dirigidos e controlados pelo Espírito Santo (Cl 2.6-7; 3.1-13; Jo 15.5; Rm 8.1, 4, 8-9, 13).

  • Vale a pena destacar que a doutrina da santificação, dentro da Teologia Sistemática é classificada no campo da soteriologia (doutrina da salvação), como um dos aspectos da salvação. Em Tessalonicenses 4.1, Paulo menciona duas vezes a expressão “andar”. A mensagem pode ser: “devem continuar ainda mais fervorosamente naquilo que já estão fazendo”. “Para que abundeis cada vez mais”. O caminho da santificação é um processo que se estende enquanto estivermos debaixo do sol, isto é, contínuo, diário e progressivo (2 Co 7.1). Millard Erickson, teólogo, professor e autor, escreveu acerca da santificação: “É uma continuação do que foi começado na regeneração, quando então uma novidade de vida foi conferida ao crente e instalada dentro dele”.

3. Abrangência e aplicação.
Neste último tópico, é importante refletir sobre quais as áreas da vida que precisam estar incluídas no processo da santificação e como se torna aplicável as verdades bíblicas em nosso viver diário. Qual é a participação do ser humano nascido de novo?

3.1. A abrangência da santificação.
Meditemos em dois textos bíblicos: 1 Tessalonicenses 5.23 e 1 Pedro 1.15. São bastante significativos: “vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo...” e “toda a vossa maneira de viver”. O primeiro trata-se de uma oração pelos discípulos do Senhor em Tessalônica. O apóstolo Paulo ressalta o “relacionamento pessoal de Deus com eles” (o mesmo Deus de paz”) e afirma que Ele proverá tudo o que for preciso para suprir a necessidade de santificação. Podemos meditar em conjunto com a exortação de Pedro, que diz: “sede santos”. Um texto é oração e outro é exortação, porém se completam: com a provisão de Deus é possível palmilhar o caminho da santificação.

  • Ambos os textos enfatizam a totalidade da existência humana como alcançada pela obra da salvação. A santificação está presente orientando todas as ações da vida. O termo “toda a vossa maneira de viver” inclui: relacionamento com Deus; pensamentos; sentimentos; vontade; controle do corpo; corpo como templo do Espírito Santo; relacionamentos interpessoais.

3.2. Meios de santificação.
O Senhor Deus exige a santificação (“sede santos”) e provê meios para que o processo se torne realidade na vida do Seu povo. Num primeiro momento, é importante destacar que a Trindade está envolvida na missão de santificar: o Pai (1Ts 5.23); o Filho (Hb 10.10; 13.12); e o Espírito Santo (1Pe 1.2). A Palavra de Deus é uma agente na santificação (Jo 17.17), de tal maneira que alcança o ser humano por completo (Hb 4.12; Ef 5.26). O sangue de Jesus nos purifica de todo o pecado (1Jo 1.7), e santifica (Hb 9.13-14; 10.10).

  • Estudiosos identificam a santificação operada pelo sangue de Jesus, em seu aspecto posicional, ou seja, após a ação santificadora estamos “em Cristo” (Ef 2.6; Cl 2.10). Notemos como Paulo se refere à igreja em Corinto: “aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos” (1Co 1.2). Separados para Deus. Notar estes dois aspectos posicional e progressivo (1Co 1.2; 2Co 7.1). O Espírito Santo atuou na conversão e continua agindo no processo de santificação (Rm 15.16; 1Pe 1.2; 1Cor 6.11; 2Ts 2.13).

3.3. A participação do discípulo.
Há várias recomendações bíblicas quanto às atitudes a serem tomadas pelos que nasceram de novo, enquanto estamos no caminho da santificação. Em Atos 26.18, é mencionado o início da caminhada do discípulo: “santificados pela fé em mim”, disse Jesus. Na posição de santos em Cristo, é possível e preciso progredir. Para tanto, precisamos permanecer unido a Cristo (Jo 15.5). É necessário da nossa parte: buscar, pensar e desejar (Cl 3.1-2; 1Pe 2.1); “enchei-vos do Espírito”, deixar que o Espírito nos controle (Gl 5.16, 25); evitar o comodismo e procurar o aperfeiçoamento (2Co 7.1); ler, meditar, guardar e viver a Palavra de Deus (Cl 3.16; Sl 119.9, 11); deixar, despojar-nos, revestir-nos (Ef 4.22-32; Cl 3.5-14; 1Pe 2.1); e muito mais podemos relacionar, como oração, vigilância, entre outros. 

  • Lembremo-nos: são atitudes possíveis, pois nascemos de novo, estamos em Cristo, e o Espírito Santo habita em nós e temos a Palavra de Deus. Trata-se de um verdadeiro exercício espiritual, necessitando, assim, de nossa parte, disciplina pessoal, rever nossas prioridades e uma constante revisão sobre como estamos administrando o tempo. Para tanto, a plena consciência da importância e possibilidade da santificação faz a diferença. “Remindo o tempo, porquanto os dias são maus” (Ef 5.16). Uma das resoluções de Jonathan Edwards: “Resolvido: nunca perder um só momento de tempo, mas, sim, tirar proveito dele da maneira mais proveitosa que eu puder”.

Conclusão.
Aquele que começou a boa obra em nós é poderoso para completá-la (Fp 1.6), mesmo em tempos tão desafiadores. Ele é o Deus de toda a providência. É possível prosseguir e progredir em santificação, até que sejamos “conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8.28). Sejamos santos!.





Questionário.
1. O que os seres celestiais declaram?
R: A santidade de Deus (Is 6.3).

2. Qual é a vontade de Deus para nós?
R: A nossa santificação (1Ts 4.3).

3. O que o apóstolo Paulo alertou aos colossenses e a Timóteo?
R: Sobre o engano e a eficácia de condutas e comportamentos como fonte de santidade (Cl 2.20-23; 1Tm 3.5).

4. O que nos purifica de todo o pecado?
R: O sangue de Jesus (1Jo 1.7).

5. O que é mencionado em Atos 26.18?
R: O início da caminhada do discípulo: “santificados pela fé em mim”, disse Jesus (At 26.18).

Fonte: Revista de Escola Bíblica Dominical, Betel, Doutrinas Fundamentais da Igreja de Cristo. O legado da reforma Protestante e a importância de perseverar no ensino dos apóstolos, Adultos, edição do professor, 4º trimestre de 2017, ano 27, Nº 105, publicação trimestral.