Inquérito sobre
‘quadrilhão do PMDB’ na Câmara vê indícios ainda de lavagem de dinheiro e
evasão de divisas; Cunha, Funaro e Geddel também são citados
O presidente Michel Temer (PMDB)
e o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) (Andressa Anholete/AFP)
A
Polícia Federal concluiu e
enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF)
o inquérito que investiga o chamado “PMDB da Câmara”, grupo de deputados e
ex-deputados do partido – incluindo o presidente Michel Temer
(PMDB) e os ministros Eliseu
Padilha (Casa Civil) e Moreira
Franco (Secretaria-Geral da Presidência) pelo crime de organização
criminosa. A PF atribui ao grupo as práticas dos delitos de corrupção ativa e
passiva e lavagem de dinheiro, entre outros. Segundo o jornal O Estado de
S. Paulo o relatório da PF afirma que o presidente recebeu 31,5 milhões de
reais em propina a partir da suposta atividade criminosa do grupo.
No
relatório, relativo ao inquérito 4327, os investigadores incluem ainda os
ex-presidentes da Câmara Eduardo
Cunha (RJ) e Henrique
Eduardo Alves (RN) e o ex-ministro Geddel Vieira
Lima, os três presos. O documento já foi enviado ao Ministério
Público Federal e deve ser um dos elementos que subsidiarão nova denúncia do
procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
contra Temer, a ser apresentada até sexta-feira – no próximo dia 17, ele deixa
o cargo, que passará a ser ocupado por Raquel Dodge.
“Integrantes
da cúpula do partido supostamente mantinham estrutura organizacional com o
objetivo de obter, direta e indiretamente, vantagens indevidas em órgãos da
administração pública direta e indireta”, disse a PF em nota, que acrescenta
que “o grupo agia através de infrações penais, tais como: corrupção ativa,
passiva, lavagem de dinheiro, fraude em licitação, evasão de divisas, entre
outros crimes cujas penas máximas são superiores a 4 anos”.
Considerado
operador de propinas do PMDB, Lúcio Funaro também
foi citado no relatório. Ele fechou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral
da República, homologado na semana passada pelo relator da Operação Lava
Jato no STF, ministro Edson Fachin.
Em seus depoimentos, Funaro afirmou que Temer não apenas sabia dos esquemas de
corrupção do partido como participou deles, recebendo
propinas ou intermediando dinheiro ilícito a campanhas de aliados.
As revelações do doleiro também devem ser usadas por Janot na denúncia contra o
presidente.
Conforme
o Estado de S. Paulo, os 31,5 milhões de reais supostamente recebidos pelo
peemedebista teriam se dividido entre os 500.000 reais entregues ao ex-assessor
presidencial Rodrigo Rocha Loures por um executivo da JBS, os 10 milhões de
reais que a Odebrecht teria pago a campanhas do PMDB a pedido de Temer, 20
milhões de reais referentes ao contrato PAC SMS da diretoria Internacional da
Petrobras, feudo do partido na estatal, e 1 milhão de reais que teria sido
entregue ao coronal aposentado da Polícia Militar João Baptista Lima Filho,
amigo de longa data de Michel Temer.
O
relatório ainda cita, de acordo com o jornal, o repasse de 5,4 milhões de reais
à campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo, em 2012, que teria
sido pedido por Temer, e doações oficiais e de caixa dois à campanha de Paulo
Skaf ao governo paulista em 2014. Os ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha
e o ex-ministro Geddel Vieira Lima atuariam, de acordo com a PF, como “longa
manus” do presidente na arrecadação de recursos ilícitos junto a grandes
empresas.
Fonte: veja.abril.com.br