Image copyright Tesla/BBC Mundo Image
caption A megafábrica da Tesla, localizada no deserto de Nevada (EUA), já opera
mas ainda não está pronta
Teria Elon Musk mais dinheiro que juízo? Ou seria o
contrário? O que ninguém tem dúvida é que o diretor-executivo da Tesla, empresa
pioneira dos carros elétricos, é no momento o mais destacado visionário do Vale
do Silício - berço de inovações tecnológicas localizado na Califórnia (EUA).
Com a megafabrica de 13 km², que ainda não opera
com sua capacidade plena de produção de baterias e armazenamento de energia,
Elon Musk pretende lançar sua revolução própria.
A ideia inicial é acelerar a produção e reduzir os
custos das baterias em 30%. Mas o projeto é bem mais ambicioso.
O investimento de US$ 5 bilhões é uma parceria com
a japonesa Panasonic e começou a sair do papel em 2014. O plano é ser 100%
sustentável, além de contribuir para a fabricação de 500 mil veículos elétricos
por ano, como caminhões e ônibus.
Também pretende oferecer painéis solares para o
público em geral usar energia limpa e outras tecnologias de armazenamento de
energia. A companhia quer ainda lançar uma frota de carros elétricos autônomos
(ou seja, que se dirigem sozinhos) para concorrer com o Uber. Tudo isso pode
acabar tendo um forte impacto real no mundo no que diz respeito a transporte e
uso de energia.
Image caption Estima-se que a
fábrica seja capaz de gerar 6 mil empregos diretos e outros 10 mil indiretos na
região
Um grupo de jornalistas, visitou a megafábrica de
Musk, localizada a 30 minutos de Reno, no meio do deserto em Nevada (EUA). Por
ora, está 14% pronta e já emprega mil pessoas. O enorme complexo deve ficar
pronto em 2020.
A primeira impressão de quem visita o espaço é de
que não se trata de um mero capricho de um multimilionário. A ideia é reduzir
as distâncias e acelerar as fases de produção, hoje fragmentadas em diferentes
continentes.
"Quando os custos de transporte se tornam
significativos, a maneira mais óbvia para reduzi-los é colocar pelo menos uma
megafábrica num mesmo continente (de onde o produto será enviado)",
justifica Musk.
Posteriormente, ele quer reproduzir esse modelo de
"gigafábrica" ao redor do mundo: "Na Europa, na Índia e na China
- no fim das contas, onde quer que haja uma enorme demanda pelo produto
final".
São poucas as companhias do Vale do Silício que
apostam nesse modelo.
É parte da natureza de Musk lançar ao mundo ideias
extravagantes e caras. Ao mesmo tempo, o empresário está sob pressão de
investidores para apresentar resultados financeiros concretos.
Quando perguntaram a Musk se a divulgação dos
planos da Tesla e a abertura das portas da megafábrica foram uma tentativa para
neutralizar o impacto dos possíveis resultados financeiros da companhia,
previstos para a próxima semana e que podem ser negativos, Musk respondeu:
"Eu não tinha pensado sobre o relatório de ganhos até você
mencioná-lo".
Ele também admite que seu plano pode custar
"dezenas de bilhões de dólares".
Image caption Elon Musk diz que
seu plano pode custar "dezenas milhares de dólares"
Mas são os planos ambiciosos de Musk que atraem
recursos para tirar as ideias do papel. Estima-se que o empreendimento seja
capaz de gerar 6 mil empregos diretos e outros 10 mil indiretos, na área
vizinha à fábrica.
O diretor-executivo da Tesla também tem tentado
diversificar sua fonte de recursos. Em março, por exemplo, 325 mil pessoas
pagaram US$ 1 mil para reservar um dos modelos de carro a ser fabricado pela
Tesla.
O estilo da Tesla contrasta com o da Apple, que
costuma manter todos seus projetos sob o mais absoluto sigilo. Musk garante que
não tem nenhum receio de que alguém roube as ideias dele.
O executivo da Tesla recorre a uma comparação com o
avião de guerra Blackbrid SR-71 - "provavelmente a maior aeronave da
história". Ele diz que enquanto for o mais rápido, nunca vai perder uma
batalha.