segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Batalha Espiritual

Jo 3.27 Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu.
As igrejas históricas do mundo todo têm sido desafiadas
nestas últimas três décadas a dar respostas às ênfases de um
movimento dentro das suas fileiras que ficou conhecido como
"movimento de ‘batalha espiritual’". O nome em si já sugere do que se trata: é um movimento cuja ênfase maior é na luta da Igreja de Cristo contra Satanás e seus demônios, conflito este de natureza espiritual, quanto aos métodos, armas, estratégias e objetivos.
Esse crescente interesse em círculos evangélicos por Satanás, demônios, espíritos malignos, e o misterioso mundo dos anjos, corresponde ao surto de misticismo atual, um interesse crescente no mundo nos dias de hoje pelos anjos maus e bons, e pelo oculto. Mas não somente no mundo, dentro da própria igreja cristã assistimos o crescimento vertiginoso da busca pelo miraculoso e sobrenatural, na esteira do neopentecostalismo.

A busca do sobrenatural e o neopentecostalismo
O neopentecostalismo é aqueles movimentos surgidos em
décadas recentes, que são desdobramentos do pentecostalismo
clássico do início do século, mas que abandonaram algumas de
suas ênfases características e adquiriram marcas próprias, como
ênfase em revelações diretas, curas, batalha espiritual, e particularmente uma maneira de encarar a realidade espiritual.
Esse movimento é caracterizado por uma leitura das Escrituras e da realidade sempre em termos da ação sobrenatural de Deus. Para o neopentecostal típico, Deus o guia na vida diária através de impulsos, sonhos, visões, palavras proféticas, e dá soluções aos seus problemas sempre de forma miraculosa, como libertações, livramentos, exorcismos e curas. Como resultado do sobrenaturalismo neopentecostal, as igrejas reformadas por ele afetadas tendem a considerar os meios naturais como sendo espiritualmente inferiores.
Negligenciando o Ensino Bíblico
As conseqüências desta maneira de ver a realidade espiritual
são sérias para a área do conflito da igreja contra as hostes das
trevas, pois a concebe apenas em termos do sobrenatural,
negligenciando o ensino bíblico de que Satanás procura atingir a
Igreja de Cristo através da carne e do mundo – meios que não são
necessariamente sobrenaturais.
Conquanto devamos dar as boas vindas a todo e qualquer
movimento na Igreja que venha nos ajudar a melhor nos preparar
para enfrentar os ataques das hostes malignas contra a Igreja,
este movimento polêmico tem trazido algumas preocupações
sérias a pastores, estudiosos e líderes evangélicos no mundo todo,
não somente das igrejas evangélicas históricas, como até mesmo
de igrejas pentecostais clássicas.
Existem várias razões para essa preocupação. Uma delas é que o movimento, onde tem ganhado a adesão de pastores e comunidades, tem produzido um tipo de cristianismo em que a atividade satânica se tornou o centro e mesmo a razão de ser da existência destes ministérios e igrejas. O que resulta é um cristianismo distorcido, deformado, onde doutrinas como a salvação pela fé somente, mediante o sacrifício redentor, único e expiatório de Cristo.
Libertação é o Foco
O fato é que o movimento de "batalha espiritual" tem produzido o surgimento de novas denominações cujo ministério principal é a expulsão de demônios e a "libertação" de crentes e descrentes da opressão demoníaca a todos os níveis (espiritual, moral e física, estrutural e social). As idéias e práticas difundidas pelo movimento tem se infiltrado nas igrejas históricas, cativando muitos dos seus pastores, obreiros e membros.

Nem Tudo é demônio
Quando todo tipo de mal que existe no mundo, quer moral ou
circunstancial (como doença, dor, desemprego, etc.) é atribuído
aos demônios, levanta-se a antiga discussão acerca da origem dos
males e sofrimentos neste mundo presente. E quando é dito que os
cristãos podem ser possuídos por um espírito maligno (ou
demonizados), estamos de volta à soteriologia, ou seja, qual a
situação dos salvos diante dos ataques de demônios – e entramos
também na cristologia, indagando qual a relação entre a obra
vitoriosa e consumada de Cristo e a atividade satânica no
presente.
Quando procuramos entender os conceitos da "batalha espiritual" a partir de princípios gerais que controlam as diversas áreas abrangidas pelo tema, poderemos ter alguns trilhos sobre os quais poderemos conduzir o assunto. No que se segue, procuro analisar quatro desses princípios que têm importância fundamental para ele: a soberania de Deus, a suficiência as Escrituras, a queda da raça humana e a suficiência da obra de Cristo.
O domínio Total de Deus
Mt 11.25 Naquele tempo falou Jesus, dizendo: Graças te
dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste
estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos
pequeninos.
Mt 11.26 Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.
A soberania de Deus é ensinada no conceito de Reino de
Deus. Mas, é o conceito bíblico do Reino de Deus que melhor
expressa a soberania de Deus sobre o universo que formou.
O domínio de Deus se estende no presente sobre as ações e vidas de
suas criaturas, sem que isso represente uma intrusão na liberdade
delas em escolher e decidir moralmente. Ao final, porém, a vontade do Rei prevalecerá sobre todas elas, sem que nenhuma delas possa acusá-lo de determinista.
A Igreja sempre reconheceu o ensino bíblico sobre esse ponto. Existe apenas um Deus vivo e verdadeiro, que é um espírito puríssimo, infinito em seu ser e em seus atributos, invisível, imutável, amoroso, misericordioso, gracioso, paciente, imenso,n incompreensível, Todo-Poderoso, santíssimo, livre e totalmente absoluto, fazendo todas as coisas de acordo com sua santíssima vontade e de acordo com o seu querer justo e imutável. 
Debaixo da soberania divina
Lc 4.6 E disse-lhe: Dar-te-ei toda a autoridade e glória
destes reinos, porque me foi entregue, e a dou a quem
eu quiser;
Ef 6.12 pois não é contra carne e sangue que temos que
lutar, mas sim contra os principados, contra as
potestades, conta os príncipes do mundo destas trevas,
contra as hostes espirituais da iniqüidade nas regiões
celestes.
O próprio Satanás está debaixo da soberania divina. Embora
não esteja muito claro na Bíblia, a Igreja cristã sempre entendeu
que Satanás foi originalmente um dos anjos criados por Deus,
talvez um querubim de grande beleza e poder, que desviou-se do
seu estado original de pureza e motivado pela vaidade e pela
soberba, rebelou-se contra Deus, desejando ele mesmo ocupar o
lugar da divindade (Isaías 14 e Ezequiel 28).
O ensino bíblico é claro. Satanás, mesmo sendo um ser moral
responsável e retendo ainda poderes inerentes aos anjos, nada
mais é que uma das criaturas de Deus, e portanto, infinitamente
inferior a ele em glória, poder e domínio. Mesmo que a Bíblia fale
do reino de Satanás e de seu domínio nesse mundo e advirta os
crentes a que estejam alertas contra suas ciladas, jamais lhe
atribui um poder independente de Deus, ou liberdade plena para
cumprir planos próprios, ou capacidade para frustrar os desígnios
do Senhor.
Autor do pecado e do mal
A soberania de Deus o torna autor do pecado e do mal.
Muitas pessoas não conseguem entender como Deus pode ser
soberano e ao mesmo tempo permitir que o mal impere.
O Novo Testamento expõe de forma clara: Cristo já reina,
mas ainda não liquidou literalmente todos os seus inimigos, como
Satanás e a morte.
1Co 15.24 Então virá o fim quando ele entregar o reino a
Deus o Pai, quando houver destruído todo domínio, e
toda autoridade e todo poder.
1Co 15.25 Pois é necessário que ele reine até que haja
posto todos os inimigos debaixo de seus pés.
1Co 15.26 Ora, o último inimigo a ser destruído é a
morte.
1Co 15.27 Pois se lê: Todas as coisas sujeitou debaixo de
seus pés. Mas, quando diz: Todas as coisas lhe estão
sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe
sujeitou todas as coisas.
1Co 15.28 E, quando todas as coisas lhe estiverem
sujeitas, então também o próprio Filho se sujeitará
àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus
seja tudo em todos.
Nos Evangelhos Satanás é representado como sendo um inimigo
vencido. Os demônios são expulsos. Eles se aproximam de Jesus,
não como negociadores em pé de igualdade, mas como suplicantes. O reconhecimento da soberania de Deus tem profundas implicações na vida do cristão. Em meio às dificuldades, provações, sofrimento e adversidades da época presente, ele encontrará profundo conforto em confiar no Deus que está em perfeito controle da situação, e que a seu tempo e ao seu modo haverá de prover o que for necessário para o bem de seu filho.
Quando as pessoas perdem a soberania de Deus de vista, acabam
por exagerar os poderes de Satanás e a sua liberdade para fustigar
e afligir os crentes.
Conceitos pagãos sobre demônios
Muita coisa ensinada pela "batalha espiritual" assemelha-se à
sabedoria pagã sobre os espíritos maus, como os conceitos de
"casa mau assombrada", quebra de maldições. O conceito de
transferência de espíritos malignos para crentes parece muito
mais um conceito pagão do que bíblico. Soa como o conceito de
"mau olhado" da umbanda.
Há que acredite que família crente deve consagrar ao Senhor
a casa onde moram, defende que pode haver demônios morando
nela, se os moradores anteriores foram ímpios, e recomenda que
os crentes façam uma operação de limpeza, removendo todos os
traços de pecado, e expulsando os demônios daquele lugar. A idéia
parece ter sido importada das religiões pagãs, especialmente da
umbanda e do baixo espiritismo.
Os perigos que correm os cristãos que adotam uma
demonologia ou uma visão de batalha espiritual que vai além dos
padrões da Palavra de Deus são devastadores.
Cuidado com a Ilusão
Pessoas que experimentam umas poucas vezes a "vitória"
sobre o inimigo podem adquirir uma falsa sensação de
superioridade, de orgulho ou a ilusão de terem "poder".
Entretanto, a vitória pertence a Deus. Devemos nos lembrar que a
maioria dos problemas que os cristãos experimentam procedem de
suas próprias faltas, defeitos, incoerências, idiossincrasias e
enfermidades espirituais. Não estou negando que Satanás usa
essas coisas para prejudicar nossas vidas, apenas destacando que
elas tem origem em nossa natureza decaída.
Se porém permanecermos confiantes na exclusividade e na
suficiência do ensino da Escritura e permanecermos firmes no que
ela nos ensina, poderemos entrar no combate espiritual
perfeitamente equipados e tendo a perspectiva correta do que está
acontecendo. Esse é um princípio fundamental que devemos
manter a todo custo quanto ao tema da batalha espiritual.
A condenação e o castigo de Deus
As Escrituras declaram abertamente que Deus, mesmo tendo
reservado para o futuro as penas eternas merecidas pelos
pecadores impenitentes, aqui e agora já impõe castigos temporais
aos mesmos. As Escrituras nos dão inúmeros exemplos dos
castigos temporais de Deus sobre o pecado do homem. A começar
com os castigos impostos ao primeiro casal no Éden (Gn 3),
passando pelo dilúvio (Gênesis 6-8), a confusão das línguas (Gn
10) e a destruição de Sodoma e Gomorra (Gn 13-17), a Bíblia nos
deixa muito claro que, aqui e agora, no presente tempo em que
vivemos, Deus está executando, mesmo que parcialmente, juízos
sobre os homens pecadores. Esses juízos por vezes tomam a
forma de flagelos físicos. Deus disse por intermédio de Moisés que
castigaria os israelitas com toda sorte de misérias temporais em
caso de desobediência.
A responsabilidade pessoal de cada indivíduo
Muitos não desejam realmente renunciar ao prazer que o
pecado lhes traz; outros são orgulhosos demais para buscar ajuda;
outros se concentram em assuntos secundários em vez de irem à
raiz do problema; e outros são inconstantes: desejam mudar, mas
não ao ponto de renunciar àqueles hábitos e sentimentos
familiares. É somente através de um esforço espiritual constante
que poderemos nos libertar de padrões rotineiros de pecado.
A combinação equilibrada entre o reconhecimento de que
Satanás pode iludir as pessoas ao pecado e a responsabilidade que
cada pessoa tem diante de Deus por se deixar iludir e praticar a
iniquidade. Infelizmente, isso tem faltado em muitas das
publicações defendendo a "batalha espiritual".
Devemos resistir ao pecado
É importante observar que nem sempre é fácil distinguir
entre os problemas comuns da vida e ataques de espíritos
malignos. A dificuldade aumenta quando descobrimos que a Bíblia
menciona que, além de Satanás, somos ainda tentados pela carne,
pelo mundo e pelas circunstâncias adversas dessa vida.
O mundo e o diabo completam o quadro, interagindo entre si para criar situações de conflito, que são por vezes tão complexas, que não conseguimos classificá-las claramente. Entendendo a batalha espiritual somente em termos de ataques de espíritos malignos, muitos hoje têm negligenciado o ensino bíblico acerca da necessidade de santificação, disciplina espiritual e resistência moral contra as tentações, sejam elas da carne, do mundo ou do diabo.
Se alguém está em Cristo é uma nova criatura
2Co 5.17 Pelo que, se alguém está em Cristo, nova
criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se
fez novo.
Seu ponto não é a transformação psicológica e espiritual que
acontece com uma pessoa que está em Cristo "é uma nova
pessoa" mas sua participação na nova criação que já foi iniciada
por Deus em Cristo. O verso está dizendo que se alguém está em
Cristo ele faz parte da nova criação, da nova humanidade cujo
cabeça é Cristo, e desfruta de todos os privilégios desse novo
tempo. O ensino bíblico acerca da relação que o crente desfruta com
Deus precisa ser enfatizado em nossos dias, particularmente as
suas implicações. A julgar por muito do que é dito por defensores
do movimento de "batalha espiritual" quanto à atuação e ao poder
dos espíritos malignos na vida dos crentes, falta-lhes uma visão e
uma compreensão mais exata quanto ao ensino do Novo Testamento sobre o ser nova criatura, ou melhor, nova criação bem como quanto às implicações desse ensino para a "batalha espiritual".
A demonização de crentes verdadeiros
Vejamos o conceito de que crentes verdadeiros podem ser
demonizados. Ela tem se tornado tão popular, que muitos artigos
de revistas teológicas especializadas em aconselhamento, ao
tratar das características da demonização, não fazem qualquer
distinção entre crentes e descrentes. Mas, o que é
"demonização"? É importante entendermos bem o que querem
dizer quando empregam esse termo. Há quatro coisas que definem
bem esse conceito:
Demonização é diferente de possessão demoníaca. Um cristão não
pode ficar possuído por um demônio, mas pode ser
"demonizado". A expressão "possessão demoníaca" e
mesmo "endemoninhamento", implica na posse por parte de
Satanás da vida e do destino de uma pessoa. Nesse caso, só há
duas opções: ou alguém está possuído por um espírito maligno, ou
não está.
Demonização é um fenômeno parcial
O ponto defendido é que existem graus diferentes em que uma
pessoa, mesmo um crente, está debaixo do controle e influência
de Satanás. Daí a preferência pela tradução "demonizado" ou
"endemoninhado", pois expressa a idéia de que uma pessoa,
mesmo um crente, pode ter alguma área de sua vida debaixo do
controle parcial de um ou mais demônios, sem necessariamente
estar "possesso" por eles. Portanto, muitos defensores da
"batalha espiritual" negariam que um crente pode ficar possesso
de um espírito imundo, mas afirmam que ele pode ficar
"demonizado", isto é, com alguma área de sua vida debaixo do
controle de um ou mais demônios.
A demonização ocorre por causas bem definidas
A pessoa cai vítima desta opressão demoníaca por causa de
seus pecados, ou por causa dos pecados de outros contra ela,
como por exemplo, a molestação sexual durante a infância.
A "demonização" de um crente verdadeiro pode ocorrer ainda
por vários outros motivos: o pecado de seus antepassados, ódio, amargura e rebelião durante a infância, pecados sexuais,
maldições e pragas rogadas por outros, e envolvimento com o
ocultismo. O mesmo ocorre por causa de maldições hereditárias. Qualquer que seja a causa, os demônios invadem a vida das
pessoas e nelas habitam. No caso dos crentes, eles permanecem
em constante conflito com o Espírito Santo, que também habita
nos crentes.

Demonização e vida em pecado andam juntas
O efeito da demonização de crentes ou descrentes, é uma
vida em pecado, geralmente nas áreas de práticas sexuais ilícitas,
ódio, mágoa, rancor, rebelião, sensação de culpa, rejeição e
vergonha, atração ao ocultismo e ao mundo dos espíritos. O
processo de demonização de um crente é geralmente o seguinte: o
primeiro demônio invade a sua vida, e abre as portas para que
outros venham. Se não forem detectados e expulsos, permanecerão lá, habitando no crente, e gradativamente ganharão controle sobre as sua emoções, até finalmente atingirem o centro de sua personalidade. Crentes demonizados não poderão prosseguir sozinhos na vida cristã; precisam de ajuda de alguém que expulse estas entidades de suas vidas. 

Possessão demoníaca ou demonização
Mt 4.24 Assim a sua fama correu por toda a Síria; e
trouxeram-lhe todos os que padeciam, acometidos de
várias doenças e tormentos, os endemoninhados, os
lunáticos, e os paralíticos; e ele os curou.
Mudar a tradução de "possessão demoníaca" para "demonização"
não resolve o problema levantado pela sugestão de que crentes
verdadeiros podem se tornar escravos de demônios, mesmo que
seja em apenas algumas áreas morais da sua vida.
Alguém "demonizado" está debaixo do controle de um demônio.
Existe alguma área de sua vida, ou sua vida toda, que está
possuída por aquela entidade. É este o sentido da expressão.
A causa nunca é citada no Novo Testamento. O efeito é que tais
pessoas estavam debaixo do controle destes seres, que não
somente as afligiam, mas as haviam privado da razão, às vezes da
saúde e do controle físico.
Os privilégios dos crentes
Ef 1.21 muito acima de todo principado, e autoridade, e
poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só
neste século, mas também no vindouro;
Ef 1.22 e sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés, e
para ser cabeça sobre todas as coisas o deu à igreja,
A Escritura ensina que o crente está assentado com Cristo nos
lugares celestiais, acima de todos os principados e potestades.
O crente está em Cristo, e Cristo nada tem a ver com o maligno.
E, naturalmente, o diabo não toca os que são de Cristo, pois o que
está no crente (o Espírito Santo) é maior que os espíritos malignos
que habitam neste mundo.
1Jo 4.4 Filhinhos, vós sois de Deus, e já os tendes
vencido; porque maior é aquele que está em vós do que
aquele que está no mundo.
A quebra de maldições
Esse ensinamento característico da "batalha espiritual" tende
igualmente a minimizar a perfeição e a eficácia da obra de Cristo
na vida do crente. Podemos resumir esse conceito em quatro
pontos.
Os filhos pagam pelos erros dos pais.
Os pecados, vícios, e pactos demoníacos feitos pelos antepassados de um crente afetam negativamente a sua existência presente. Maldições hereditárias são aquelas que herdamos dos nossos pais e antepassados em decorrência desses erros que eles cometeram. Este conceito procura basear-se em Êxodo 20.5, onde Deus afirma que castiga a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração. 
A transmissão genética de demônios.
Estudiosos chegam a sugerir que os espíritos "familiares"
passam dos pais para os filhos através dos genes. Dessa forma,
eles se perpetuam na família geração após geração. Isso explicaria
porque determinadas famílias sofrem de pecados ou tragédias
características em suas linhagens. Por exemplo, famílias que
através dos séculos são marcadas por casos e mais casos de
suicídios são vítimas de um "espírito familiar" de suicídio, que
entrou na linhagem por algum motivo e só sairá com a quebra da
maldição e a reparação do pecado que lhe deu a oportunidade.

O poder abençoador e amaldiçoador das palavras.
As pragas, maldições ou palavras más proferidas diretamente contra nós no presente também têm o poder de nos tornar infelizes, de perturbar nossas vidas. Maldições podem incluir frases dos nossos pais como "menino, vai para o diabo que te carregue!". Através delas, os demônios recebem autoridade para entrar em nossas vidas e torná-las em miséria, dor e sofrimento.
A necessidade de quebrar essas maldições.
Mesmo um verdadeiro crente pode deixar de alcançar a plena
felicidade nesse mundo caso esteja "amaldiçoado", isso é, debaixo
de alguma maldição. Caso não as quebre, padecerá nas mãos dos
demônios, que recebem poder para atormentá-lo através delas. O
processo consiste em localizar e identificar estas maldições, e
anulá-las "em nome de Jesus". A "quebra" destas maldições o
caminho para a libertação.
No caso de maldições hereditárias, alguns aconselham que
se trace a árvore genealógica da nossa família, procurando
identificar as pragas, maldições, pecados e pactos com demônios
feitos por eles no passado, para depois anulá-los, quebrando-os e
rejeitando-os em nome de Jesus.
Minimizaçao dos efeitos da obra de Cristo
O apóstolo Paulo nos esclarece que o escrito de dívida que
nos era contrário, a maldição da lei, foi tornado sem qualquer
efeito sobre nós: Jesus o anulou na cruz (Cl 2.13-15; Gl 3.13). Ou
seja, toda e qualquer condenação que pesava sobre nós foi
removida completamente quando Cristo pagou, de forma
suficiente e eficaz, nossa culpa diante de Deus. Ora, se a obra de
Cristo no Calvário em nosso favor foi poderosa o suficiente para
remover de sobre nós a própria maldição da santa lei de Deus,
quanto mais qualquer coisa que poderia ser usada por Satanás
para reivindicar direitos sobre nós, inclusive pactos feitos com
entidades malignas, por nós, ou por nossos pais, na nossa
ignorância.
Fomos resgatados pelo precioso sangue de Cristo.
Quando vivemos à luz da gloriosa verdade de que "se alguém
está em Cristo é nova criação" não tememos pragas, maldições,
encostos, mau-olhado, "olho gordo", despachos, trabalhos.
Igualmente vivemos seguros de que não somos "amaldiçoados"
por qualquer dos pecados de nossos pais: tudo foi anulado na cruz.
Conclusão
Embora reconheçamos que existe um conflito se desenrolando no presente entre a Igreja e as hostes das trevas, temos dúvidas de que o mesmo deva ser o ponto focal da reflexão da igreja de Cristo em nossos dias, visto que está subordinado a muitos outros pontos mais abrangentes e fundamentais.
A Igreja deve guiar-se pelos pontos mais centrais do ensinamento
bíblico. Através deles colocará na perspectiva correta qualquer
novo assunto que surja. A compreensão adequada dos
ensinamentos da "batalha espiritual: a soberania de Deus, a
suficiência das Escrituras, a decadência da raça humana e a
suficiência da obra de Cristo. Uma vez que esses pontos sejam
firmemente defendidos e ensinados haverá pouco espaço para que
os erros da "batalha espiritual". 
Fontes:

Você Está em Guerra!

Decadência Doutrinária na Igreja Brasileira

Bênção e Maldição

A Igreja e a Batalha Espiritual

Teologia do Novo Testamento

O que Você Precisa Saber sobre Batalha Espiritual