Risco de
outro Chernobyl ou Fukushima é maior que anunciado
A equipe disponibilizou seu banco
de dados em código aberto, listando todos os eventos nucleares analisados - 216
ao todo. [Imagem: Spencer Wheatley et al.]
Riscos da energia nuclear
Uma equipe de especialistas em análise de risco,
que acaba de publicar a maior avaliação já feita até hoje sobre os acidentes
nucleares, adverte que o próximo desastre na escala de Chernobyl ou Fukushima
pode acontecer muito mais cedo do que o público se dá conta.
Os pesquisadores da Universidade de Sussex, na
Inglaterra, e do instituto ETH de Zurique, na Suíça, analisaram mais de 200
acidentes nucleares e, estimando e levando em conta os efeitos das respostas da
indústria aos desastres anteriores, forneceram uma avaliação sombria dos riscos
da energia nuclear.
Eles estimam que catástrofes na escala de Fukushima
e Chernobyl têm maior chance de ocorrer do que de não ocorrer de uma a duas
vezes por século, e que acidentes na escala do colapso da usina Three Mile
Island, em 1979, nos EUA (com danos de cerca de 10 bilhões de dólares) são mais
propensos a ocorrer do que a não ocorrer a cada 10 a 20 anos.
Fiscalização e promoção da indústria nuclear
Dados públicos "falhos e lamentavelmente
incompletos" da indústria nuclear estão levando a uma atitude de excesso
de confiança quanto ao risco da indústria nuclear, adverte o estudo.
A equipe aponta para o fato de que sua análise
independente contém três vezes mais dados do que os fornecidos publicamente
pela própria indústria. Isto, argumentam, provavelmente se deve ao fato de que
a Agência Internacional de Energia Atômica, que compila os dados, tem um duplo
papel de regulação do setor e de promovê-lo.
"Nossos resultados são preocupantes. Eles
sugerem que a metodologia padrão usada pela Agência Internacional da Energia
Atômica para prever acidentes e incidentes - particularmente quando foca as
consequências dos eventos extremos - é problemática. O próximo acidente nuclear
pode ocorrer muito mais cedo ou ser mais mais grave do que o público
imagina," disse o professor Benjamin Sovacool, coautor do trabalho.
A equipe pede também uma reconsideração total da
forma como os acidentes nucleares são classificados, argumentando que o método
atual (a escala INES de sete pontos) é "altamente imprecisa, mal definida
e muitas vezes inconsistente".
Banco de dados de acidentes nucleares
Os 15 eventos nucleares mais caros da história
analisados pela equipe são:
- Chernobyl, Ucrânia (1986) - $259 bilhões
- Fukushima, Japão (2011) - $166 bilhões
- Tsuruga, Japão (1995) - $15.5 bilhões
- TMI, Pensilvânia, EUA (1979) - $11 bilhões
- Beloyarsk, União Soviética (1977) - $3.5 bilhões
- Sellafield, Reino Unido (1969) - $2.5 bilhões
- Athens, EUA (1985) - $2.1 bilhões
- Jaslovske Bohunice, Tchecoslováquia (1977) - $2 bilhões
- Sellafield, Reino Unido (1968) - $1.9 bilhões
- Sellafield, Reino Unido (1971) - $1.3 bilhões
- Plymouth, EUA (1986) - $1.2 bilhões
- Chapelcross, Reino Unido (1967) - $1.1 bilhões
- Chernobyl, Ucrânia (1982) - $1.1 bilhões
- Pickering, Canadá (1983) - $1 bilhões
- Sellafield, Reino Unido (1973) - $1 bilhões
A equipe disponibilizou seu banco de dados em
código aberto, listando todos os eventos nucleares analisados - 216 ao todo -
incluindo datas, locais, o custo em dólares norte-americanos e as
classificações oficiais de magnitude do acidente.
Este, que é o maior banco de dados público de
acidentes nucleares já compilado, pode ser acessado no endereço https://innovwiki.ethz.ch/index.php/Nuclear_events_database.
Fonte: www.inovacaotecnologica.com.br