Bennu, o
'asteroide da morte' que a Nasa quer estudar
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caption A Nasaa vai lançar em setembro uma sonda para estudar o asteroide Bennu
Os cientistas o conhecem desde 1999 e temem que um
dia ele possa se chocar contra a Terra.
Trata-se do asteroide Bennu, que a agência espacial
dos Estados Unidos (Nasa) está disposta a estudar.
A agência vai lançar em setembro a sonda Osiris-Rex
para coletar amostras da superfície do asteroide, explicou Dante Lauretta,
professor da Universidade de Tucson, no Arizona e principal investigador da
missão.
A Osiris-Rex irá procurar elementos orgânicos que
podem ser de grande valor para a comunidade científica e para entendermos a
composição e o comportamento de Bennu.
O asteroide causa expectativa porque existe uma
pequena chance - 1 em 2,5 mil, segundo a Nasa - de que ele colida com o nosso
planeta no século 22, por volta do ano 2135, quando sua aproximação com a Terra
e a Lua pode alterar sua órbita. Ele foi, inclusive, batizado com o nome de uma
ave mitológica egípcia que tem associações com a morte.
Alguns cientistas dizem que o corpo celeste poderia
trazer "sofrimento e morte" para a Terra; mas há quem diga também
que, mesmo que ele chegue de fato por aqui, não vai destruir o planeta.
A sonda Osiris-Rex talvez nos dê mais pistas sobre
a rota do astroide, diz Lauretta.
Image copyright NASA Image caption Sonda enviada
para asteroide chegará de volta à Terra em 2023
O processo
A sonda Osiris-Rex terá de sobreviver dois anos
antes de chegar ao asteroide.
Os cientistas envolvidos na sua criação alegam que
o aparelho não terá dificuldades em resistir à viagem espacial, por ser o
primeiro dispositivo desse tipo construído sem partes móveis - o que reduz o
risco de alguma peça ser deteriorada durante a viagem da missão.
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caption Sonda enviada a asteroide vai estudar superfície de 'asteroide morte'
"Nós a projetamos para ser robusta e capaz de
durar um longo tempo no espaço", explicou a Nasa.
Com a análise do espectro infravermelho, poderemos
detectar aspectos únicos dos minerais e outros materiais encontrados no
asteroide. Isso permitirá que os cientistas identifiquem a origem de materiais
orgânicos, carbonatos e silicatos, e níveis de água absorvida na superfície de
Bennu.
Um monstro em movimento
Bennu viaja em torno do Sol a uma velocidade de
101.389 km/h e pode ser visto a cada seis anos a partir da Terra.
Uma das finalidades mais importantes da missão da
Nasa é determinar como a órbita de Bennu pode ser afetada pelo aquecimento ou
esfriamento de sua superfície pela luz solar durante o dia.
O asteroide é aquecido pela luz solar, aumenta a
sua temperatura e emite radiação térmica em diferentes sentidos durante seu
movimento de rotação. Esse fenômeno é conhecido como Efeito de Yarkovsky, que
com o tempo altera sua órbita.
Essa emissão térmica dá a Bennu um impulso pequeno
porém constante, explica a Nasa - e isso muda a sua órbita ao longo do tempo.
Segundo a agência espacial, estudar o asteroide ajudará os cientistas a
compreender melhor não apenas o Efeito de Yarkovsky, mas também a melhorar as
previsões relacionadas às órbitas de outros asteroides.
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caption Cientistas da Nasa desenvolvem sonda que será enviada para asteroide
Outros objetivos
O outro grande objetivo da missão é conseguir
estudar, através de amostras coletadas, a origem do nosso Sistema Solar e da
vida. Isso porque acredita-se que essas amostras sejam ricas em material
carbônico e orgânico.
"Queremos ver o que Bennu testemunhou ao longo
de sua evolução", disse um cientista da Nasa em 2014, quando o estudo do
asteroide já estava em curso na agência.
A sonda da Nasa vai chegar ao asteroide em 2018 e
voltará com uma amostra da superfície de Bennu em 2023.
"Sempre vamos encontrar desafios que
desconhecemos, mas depois desta missão podemos começar a planejar com
antecedência para futuros riscos", disse Amy Simon, diretora-assistente
técnica da Ovirs.
Image copyright NASA Image caption Lançamento da
sonda também poderá responder a questões sobre a origem do sistema solar
Fonte: BBC Brasil