Comida
boa e de impacto: Universidade cria Nobel da gastronomia
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Culinário Basco/BBC Image caption O prêmio internacional está sendo dado pela
universidade na Espanha totalmente dedicada à gastronomia
Uma universidade da Espanha criou um prêmio
inovador para chefs que consigam criar pratos que sejam saborosos, saudáveis e
tenham impacto positivo em suas comunidades.
O prêmio de 100 mil euros (cerca de R$ 371 mil) já
está sendo chamado de "Nobel da gastronomia", justamente porque os
juízes do concurso avaliam os chefs em termos de como seus trabalhos melhoraram
a sociedade.
O Prêmio Internacional de Culinária nasceu no
Centro Culinário Basco, uma universidade totalmente dedicada à alimentação,
sediada na cidade de San Sebastián.
O painel internacional de jurados será composto por
chefs renomados. Um deles é o britânico Heston Blumenthal, que afirmou que a
ideia é reconhecer chefs que estejam "lutando para melhorar a sociedade
por meio da gastronomia" e "fazer a diferença além da cozinha".
O principal critério é "como a cozinha pode
ser um motor de mudanças" sociais, culturais, sustentáveis ou econômicas,
segundo o Centro Culinário Basco.
O vencedor será anunciado no dia 11 de julho e
escolhido a partir de uma lista global de projetos gastronômicos. O prêmio será
entregue anualmente, segundo a universidade, "a um cozinheiro ou
cozinheira que demonstre como a gastronomia pode se traduzir em uma força
transformadora".
Projetos e padrões
Vários dos finalistas já escolhidos relacionam seus
projetos gastronômicos a meios sustentáveis de produção. Um deles é a mexicana
Alicia Gironella,"ativista de slow food" cujo trabalho visa proteger
espécies vegetais locais da extinção. Ela resgata sementes nativas de seu país
e as guarda em bancos comunitários, onde são repartidas entre agricultores
locais.
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Culinário Basco/BBC Image caption Os estudantes do Centro Culinário Basco
precisam abordar a gastronomia com rigor acadêmico
O chef francês Daniel Boulud é outro finalista
graças ao projeto Chefs Deliver, em Nova York, no qual "chefs famosos
fazem refeições gourmet para idosos que não conseguem sair de casa", como
parte da iniciativa CityMeals on Wheels ("alimentação urbana sobre
rodas", em tradução livre).
Ann Cooper, dos Estados Unidos, está concorrendo ao
prêmio com a iniciativa que desenvolveu para reduzir a obesidade infantil,
focando na oferta de alimentos frescos - em substituição aos processados - em
escolas primárias.
Jose Andrés, da Espanha, estabeleceu cozinhas e
projetos culinários voltados para áreas atingidas por desastres naturais, como
furacões e terremotos.
A Engenharia da culinária
O Centro Culinário Basco afirma que o prêmio é
parte de um esforço de criar uma forma diferente de encarar a alimentação - e o
próprio estudo da gastronomia.
O diretor do centro, Joxe Mari Aizega, explica que
a ideia é questionar por que uma universidade de gastronomia não pode ser
encarada da mesma forma que uma de engenharia, ciências ou arte - mas onde os
"cientistas" de aventais brancos sejam os próprios chefs.
A primeira turma do centro se formou no ano
passado.
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Culinário Basco/BBC Image caption O projeto do prédio onde funciona a
universidade já foi comparado a uma pilha de pratos
O curso no Centro Culinário Basco inclui
disciplinas nas quais os estudantes analisam "receptores sensoriais"
- o que significa saborear a comida.
Também há lições sobre como os gostos mudam e
conceitos como a "neofobia", o medo do novo que pode se transformar
na resistência à tentar alimentos diferentes.
Aizega era professor de Direito, mas agora está
totalmente focado no estudo da alimentação.
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Culinário Basco/BBC Image caption Joxe Mari Aizega, diretor do centro, falou à
BBC sobre a 'paixão autêntica na gastronomia'
"Existe uma paixão verdadeira pela
comida", afirma o professor, acrescentando que a alimentação é uma forma
de expressão cultural e identidade social.
Para ele, o status atual da universidade mostra um
reconhecimento da importância da comida e daqueles que a cozinham.
"Ninguém costumava escutar chefs, eles tinham
de sempre ficar na cozinha. Agora vemos a comida como uma ferramenta de
regeneração econômica. É uma parte importante da indústria do turismo",
opina.
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Culinário Basco/BBC Image caption Estudantes fazem curso de quatro anos e a
primeira turma já se formou no ano passado
Ele também promove a ideia de mudar o mundo a
partir da cozinha.
"Cozinhar não é um fim em si próprio, mas um
caminho para alcançar coisas mais importantes. Tem um poder real de transformar
a sociedade, porque engloba tudo: educação, ambiente, empreendedorismo,
identidade cultural, agricultura, comércio. Por muito tempo, esse poder não foi
compreendido. Hoje, finalmente, ele é."
Fonte:
BBC Brasil
Gaspar
Moura dos Santos
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