Você não
será pra sempre como é hoje
Por Professor
Felipe de Souza
O psicólogo
Dan Gilbert realizou diversas pesquisas sobre o que ele chama de eu futuro (future
self). Nos resultados, ele descobriu que temos uma dificuldade de imaginar
como seremos daqui a 10 anos e, provavelmente devido à essa falha na
imaginação, pensamos que vamos continuar sendo quem somos, hoje, para sempre.
Pare e
pense: Você consegue se imaginar daqui a 10, 20 anos em detalhes?
Mudanças
ao longo do tempo
Com o tempo,
existe a tendência de que as mudanças psicológicas se desacelerem. Mudamos
muito na infância, mudamos bastante na adolescência e mudamos menos na fase
adulta. Porém, é comum pensar que a mudança é menor do que é de fato.
Um exemplo.
Gilbert perguntou para um grupo de pessoas, quanto cada um desembolsaria para
ver o seu cantor ou cantora daqui a 10 anos. E perguntou quanto eles pagariam
para ver hoje o seu cantor ou cantora favorito há 10 anos.
Resultado:
as pessoas pagariam mais para ver o seu cantor(a) favorito hoje daqui a 10 anos
do que pagariam para ver quem gostavam há 10 anos. Ou seja, há uma projeção de
que o artista que gostamos atualmente será aquele que vamos gostar em uma
década.
(E se
olharmos para o passado, veremos que podemos até continuar gostando do que
ouvíamos tempos atrás, só que a intensidade é na maioria das vezes, menor).
Erro de perspectiva
Essa fixidez em imaginar quem seremos no futuro acarreta um grande erro
de perspectiva. Por exemplo, uma pessoa que se formou em uma faculdade,
cultivou durante anos uma ideia sobre si. “Sou contador” ou “sou assistente
social” ou outra profissão. Se houver, por qualquer motivo, o interesse de
mudar de área, a ideia de que já somos X poderá bloquear a mudança. “Como serei
Y, se já sou X?” ou “Estou velho(a) para mudar de carreira ou para fazer algo
diferente.
Ora, em uma
década, as mudanças talvez sejam tão profundas que o passado (atual presente)
pode vir a parecer uma outra vida. Às vezes eu gosto de imaginar como se eu
estivesse acordando há algum tempo atrás (5, 10, 15, 20 anos) e tento lembrar
como era meu dia a dia então…
Pare e
pense: como era o seu cotidiano há 10 ou 20 anos atrás?
Sinto com
essa imaginação um pouco de saudade e um pouco alegria, geralmente. Mas o que
mais me impressiona é como a vida que eu vivo hoje era inimaginável. E,
igualmente, fico pensando em tudo que vou fazer, ouvir, ver, tocar, sentir nos
próximos anos que eu não sei o que é, ainda.
Com 15 anos,
tinha o costume de escrever em cadernos os meus pensamentos. Um dia escrevi:
“Às pessoas que eu ainda não conhecei, um abraço!”
Conclusão
As pesquisas
do Gilbert estão disponíveis em uma curta palestra no TED (veja abaixo). O
que gostaria de deixar aqui como conclusão é que sabemos que a vida está em
constante mudança. Quem convive com crianças, vê este processo desenrolar em
frente ao seus olhos.
Mas tendemos
a ter uma visão muito fixa de quem somos. Assim como uma criança ou a mudança
do tempo (de chuva para sol e de sol para chuva, para nublado, para quente,
frio, etc), nós também mudamos.
Fonte: www.psicologiamsn.com
Gaspar Moura dos Santos