sábado, 25 de junho de 2016

Você não será pra sempre como é hoje



Você não será pra sempre como é hoje

Por Professor Felipe de Souza
O psicólogo Dan Gilbert realizou diversas pesquisas sobre o que ele chama de eu futuro (future self). Nos resultados, ele descobriu que temos uma dificuldade de imaginar como seremos daqui a 10 anos e, provavelmente devido à essa falha na imaginação, pensamos que vamos continuar sendo quem somos, hoje, para sempre.
Pare e pense: Você consegue se imaginar daqui a 10, 20 anos em detalhes?

Mudanças ao longo do tempo
Com o tempo, existe a tendência de que as mudanças psicológicas se desacelerem. Mudamos muito na infância, mudamos bastante na adolescência e mudamos menos na fase adulta. Porém, é comum pensar que a mudança é menor do que é de fato.
Um exemplo. Gilbert perguntou para um grupo de pessoas, quanto cada um desembolsaria para ver o seu cantor ou cantora daqui a 10 anos. E perguntou quanto eles pagariam para ver hoje o seu cantor ou cantora favorito há 10 anos.
Resultado: as pessoas pagariam mais para ver o seu cantor(a) favorito hoje daqui a 10 anos do que pagariam para ver quem gostavam há 10 anos. Ou seja, há uma projeção de que o artista que gostamos atualmente será aquele que vamos gostar em uma década.
(E se olharmos para o passado, veremos que podemos até continuar gostando do que ouvíamos tempos atrás, só que a intensidade é na maioria das vezes, menor).

Erro de perspectiva
Essa fixidez em imaginar quem seremos no futuro acarreta um grande erro de perspectiva. Por exemplo, uma pessoa que se formou em uma faculdade, cultivou durante anos uma ideia sobre si. “Sou contador” ou “sou assistente social” ou outra profissão. Se houver, por qualquer motivo, o interesse de mudar de área, a ideia de que já somos X poderá bloquear a mudança. “Como serei Y, se já sou X?” ou “Estou velho(a) para mudar de carreira ou para fazer algo diferente.
Ora, em uma década, as mudanças talvez sejam tão profundas que o passado (atual presente) pode vir a parecer uma outra vida. Às vezes eu gosto de imaginar como se eu estivesse acordando há algum tempo atrás (5, 10, 15, 20 anos) e tento lembrar como era meu dia a dia então…
Pare e pense: como era o seu cotidiano há 10 ou 20 anos atrás?
Sinto com essa imaginação um pouco de saudade e um pouco alegria, geralmente. Mas o que mais me impressiona é como a vida que eu vivo hoje era inimaginável. E, igualmente, fico pensando em tudo que vou fazer, ouvir, ver, tocar, sentir nos próximos anos que eu não sei o que é, ainda.
Com 15 anos, tinha o costume de escrever em cadernos os meus pensamentos. Um dia escrevi: “Às pessoas que eu ainda não conhecei, um abraço!”
Conclusão
As pesquisas do Gilbert estão disponíveis em uma curta palestra no TED (veja abaixo). O que gostaria de deixar aqui como conclusão é que sabemos que a vida está em constante mudança. Quem convive com crianças, vê este processo desenrolar em frente ao seus olhos.
Mas tendemos a ter uma visão muito fixa de quem somos. Assim como uma criança ou a mudança do tempo (de chuva para sol e de sol para chuva, para nublado, para quente, frio, etc), nós também mudamos.
Fonte: www.psicologiamsn.com
Gaspar Moura dos Santos