Por que
os estudantes odeiam o capitalismo?
Se um professor de geografia e/ou história lhe
pedisse para fazer um trabalho sobre o capitalismo, provavelmente você iria
pesquisar no site InfoEscola (penso que poucos usam a Wikipédia, pois não
parece confiável). Vamos ver o que encontraríamos:
“Capitalismo é o sistema socioeconômico em que os
meios de produção (terras, fábricas, máquinas, edifícios) e o capital
(dinheiro) são propriedade privada, ou seja, tem um dono. […] Os proprietários
dos meios de produção (burgueses ou capitalistas) são a minoria da população e
os não-proprietários (proletários ou trabalhadores – maioria) vivem dos
salários pagos em troca de sua força de trabalho. […]
Até aí tudo bem, pois – graças a Deus (?) – não foi
citado Marx. Porém, essa palavra – capitalismo – sofre um enorme preconceito,
principalmente entre os adolescentes, pois o nosso pensamento costuma ser o
seguinte: “quase 100% dos males do mundo é culpa do capitalismo” e da “luta de
classes”, teoria que precisava de um bode expiatório e achou no capitalismo o
seu nobre lar, algo muito confortável, por sinal.
Na minha opinião, o fato de ser atribuído ao
capitalismo a responsabilidade sobre a divisão das classes é algo que perturba
a frágil mente de muitos jovens, principalmente os mais pobres ou estudantes
dependentes da escola pública. O lucro se torna abominável e
parece ser o sentimento dominante. Não gostar de dinheiro é moda, cool, popular
e…. mentiroso! Ora, quem não gosta de ganhar dinheiro? No ponto de vista de Ayn
Rand, a própria expressão “ganhar dinheiro” pode estar equivocada. No
livro “A Revolta de Atlas” a novelista russo-americana através da fala de seu
personagem, faz um dos melhores discursos que já li de porque não é certo dizer
“ganhar dinheiro”:
“Se me perguntarem qual a maior distinção dos
americanos, eu escolheria – porque ela contém todas as outras – o fato de que
foram os americanos que criaram a expressão “fazer dinheiro”. Nenhuma outra
língua, nenhum outro povo jamais usara estas palavras antes, e sim “ganhar
dinheiro”; antes, os homens sempre encaravam a riqueza como uma quantidade
estática, a ser tomada, pedida, herdada, repartida, saqueada ou obtida como
favor. Os americanos foram os primeiros a compreender que a riqueza tem que ser
criada. A expressão ‘fazer dinheiro’ resume a essência da moralidade humana.
Porém foi justamente por causa desta expressão que os americanos eram
criticados pelas culturas apodrecidas dos continentes de saqueadores.”
O capitalismo resume-se, grosso modo, ao acúmulo de
capital, que não se resume apenas ao dinheiro, mas a todo o fruto de nossa
produção. O dinheiro é, basicamente, um instrumento de troca, ou me atrevo a
dizer, um instrumento honrado de troca. Mais uma estupefata definição de Rand:
“O dinheiro baseia-se no axioma de que todo homem é
proprietário de sua mente e de seu trabalho. O dinheiro não permite que nenhum
poder prescreva o valor do seu trabalho, senão a escolha voluntária do homem
que está disposto a trocar com você o trabalho dele. O dinheiro permite que
você obtenha em troca dos seus produtos e do seu trabalho aquilo que esses
produtos e esse trabalho valem para os homens que os adquirem, e nada mais que
isso. O dinheiro só permite os negócios em que há benefício mútuo segundo o juízo
das partes voluntárias.”
Mas pra não perder o rumo da prosa, continuarei a
buscar explicações sobre as razões do ódio ao capitalismo entre muitos jovens.
Para tanto, listei abaixo alguns conceitos que ajudam a entender os possíveis
motivos dessa patologia.
PREGUIÇA
Essa é a mais comum. Coloquei em primeiro, pois
representa uma experiência que vivenciei. Ocorreu assim: um jovem no ensino
médio em suas aulas de sociologia e filosofia buscou desenvolver o chamado
“senso crítico”, e começou a perceber a magnitude do conhecimento e da palavra
“alienação. Esse aluno escreveu seu primeiro texto e, adivinhem o tema? Rede
Globo, ou melhor, “rede esgoto de televisão”. Ao longo do artigo ele “desceu a
lenha” no reality show Big Brother. A boa aceitação desse pequeno texto,
eloquentemente elogiado pelos professores e colegas facebookianos, motivou esse
aluno a escrever mais “tratados” contra a “alienação”, no entanto sem nenhum
conhecimento aprofundado, apenas “achismos”. Eis que na mesma época ocorreram
eleições presidenciais. A chapa de Marina Silva, reconhecida por promover o
“diálogo” e apresentar um programa de governo com promessas utópicas conquistou
a simpatia desse autor que vos fala. Fiz campanha para Marina Silva com
grande entusiasmo e me achava politizado, com aquela humildade com “H”
maiúsculo e dourado. Soberba, soberba, soberba…
Mas com a graça de Deus, houveram pessoas que me
alertaram: “Leia Mises, Ayn Rand!”. E, eis que um ano depois ganhei aquela
linda coletânea de três livros “A Revolta de Atlas” da Ayn Rand. Ao mesmo tempo
que lia, acontecia a famigerada greve de professores estaduais orquestrada pela
APP Sindicato (pelega do PT). A velha alma socialista entra em ação e resolvi
aderir. Você poderá se perguntar: Um aluno aderir a uma greve? Gente, para
esquerda TUDO pode! Foi então que no dia 29 de abril de 2015 os professores
tomaram uma surra da polícia e, em seguida, decidi organizar uma passeata
contra o ato violento e chegou um pelego estendendo uma faixa e se aproveitando
do nosso protesto apartidário.
Esse breve relato serviu para alertar sobre o
problema da desinformação que assola a juventude e seu desejo de mudar o mundo.
Ninguém mais lê um milímetro além do óbvio. Nada que choque ou contrarie todas
as convicções. É tudo mastigadinho. O mais difícil são aqueles que se intitulam
revolucionários! Preguiça de estudar e falta de conhecimento parece ser os
principais requisitos para ingressar nos atos da esquerda e na revolução anticapitalista.
É difícil ser liberal e capitalista, a meu ver pois
requer muito estudo e um exemplo disso é o nível de conhecimento dos liberais
que eu acompanho que é algo impressionante.
AMIZADES E POPULARIDADE
Nos encontramos na era de peixes de águas rasas.
Tudo é raso e superficial. Para alcançar a popularidade e ter certas amizades é
necessário uma vulgaridade burra, e isso, me desculpem, acontece muito nos
núcleos esquerdistas. São eles que defendem o funk como cultura, o estupro da
nação[4], aquela velha máxima: “Se Deus tá morto, tudo é permitido” dita as
regras do país. A defesa de valores morais é taxada como reacionária ou
coxinha. Para ter uma prova basta verificar a forma de entretenimento
esquerdista: festas da UNE, da Juventude Anticapitalista. A adesão jovem é
esperada, pois qual o jovem que não quer se divertir?
No entanto, acredito que isso se resume a uma
parcela pequena dos estudantes. Nem todos conseguem ter acesso às festas da UNE
e muitos estudantes não se interessam muito por política.
BENEVOLÊNCIA
Georges Clemenceau caracteriza bem esse sintoma:
“Um homem que não seja um socialista aos 20 anos não tem coração. Um homem que
ainda seja um socialista aos 40 não tem cabeça.”
A esquerda detém o monopólio das virtudes: defende
os direitos sociais, a igualdade e a distribuição da riqueza, desde que não
seja a riqueza deles. Só não consegue defender a realidade de que uma idéia não
deve ser imposta. Um poder centralizado, responsável pela gerência de todos os
problemas do mundo, que afirma possuir fórmulas mágicas só deixou rastros de
sangue ao longo da história. Tudo que se caracteriza como espoliação, mesmo que
tenha objetivos nobres, prejudicará alguém. Dar para um em detrimento de outro
é injusto e impede que a economia cresça de forma eficiente, vide a crise do
Brasil.
Como pode a esquerda representar a benevolência se,
justamente, em países que tentaram implantar o comunismo/socialismo (pela
força, by the way) houve índices enormes de mortos e guerras sangrentas?
Sem contar as mortes pela fome e horrível qualidade de vida como temos visto na
Venezuela. O Estado não deve ser o “agente que trará a paz”. Não deve e não
vai. Devemos ser lúcidos nessa questão, pois, é inevitável que haja guerras e
violência em qualquer lugar no mundo, mas, a partir do momento em que homens,
de forma voluntária, fazem trocas de bens e serviços para sobreviver e sua
qualidade de vida aumenta, ele não vai querer guerra (mas tem o direito de
proteger sua integridade). E, nesse assunto, Thomas Friedman, na carne, espeta:
“Nunca houve nem haverá guerra entre dois
países que possuam lojas com os arcos dourados do “M” do McDonald’s. Se um país
chega a um estágio de desenvolvimento econômico em que há uma classe média
grande o suficiente para manter uma rede do McDonald’s, ele vira um país
McDonald’s. E as pessoas de países McDonald’s não gostam de entrar em guerra:
elas preferem esperar na fila por hambúrgueres.”
PÚBLICO, GRATUITO E DE QUALIDADE
Por si só já é um título contraditório: nada que é
público é gratuito e, sequer, de qualidade. Isso não é minha opinião, é um fato
observável. Se você tem acesso gratuito a certas coisas (saúde, educação,
transportem etc) é muito provável que alguém está pagando e, inclusive, seus
pais! (Olha só!!). Uma cidade arrecada dinheiro através de impostos que são
pagos pelos cidadãos, aí esse dinheiro vai para as mãos dos nobres homens
públicos que, com certeza, sabem gastar melhor do que você. Percebem? Colocamos
parte de nossa produção na mão de burocratas para eles disponibilizarem serviços
de graça para nós mesmos (?). Mas… E se nós ficássemos com esse dinheiro (cinco
meses do nosso trabalho) e gastássemos por nossa própria conta e risco? Ou
somos crianças inconsequentes?
Crianças inconsequentes são os caras lá de
Brasília. Indivíduos são mais eficientes do que burocratas! Ora, pois! O
burocrata tem um poder quase ilimitado, dinheiro quase ilimitado, tudo isso
disponível facilmente para ele “gerenciar”. Vocês acreditam nas boas intenções
desse cara?
“There is no free lunch!” Milton Friedman avisou! “Não existe almoço grátis”!
O Estado rouba. Te rouba. É aquela história: “Ele
corta suas pernas e te dá a muleta para você confiar nele”. Então por que
socialistas o adoram?
O autor Bruno Garschagen, escreveu o imperdível
“Pare de Acreditar no Governo”, e explica: “Ser socialista é acima de tudo
buscar ser privilegiado e preservado do ataque estatal ao próprio bolso.”
MEIO AMBIENTE
Muitos jovens são ambientalistas em potencial. Eu
mesmo disse que votei na Marina nas últimas eleições.
“O capitalismo gera poluição, veja só o
‘aquecimento global’! O mundo vai acabar se o homem continuar desse jeito” e
blá blá blá. Acredito que essas falácias não passam de ativismo; ambientalistas
são todos “melancias”: verde por fora, vermelho por dentro.
O capitalismo Industrial foi o melhor que aconteceu
para os pobres em toda a história do mundo. Nós não vamos acabar com
todos os males do mundo impondo ideias “goela abaixo”. Como diz Mises: “Ideias
e somente ideias podem iluminar a escuridão”. É pelo debate que vamos nos
tornar indivíduos melhores, mas para isso, é preciso liberdade. E, a grosso
modo, é isso que os capitalistas anseiam: a liberdade para fazer trocas
voluntárias de bens e serviços com qualquer um que tenha algo pelo qual valha a
pena trocar. A busca pelo lucro não é algo abominável visto que todos gostamos
de ganhar e guardar dinheiro, para depois investir em algo que nós
escolheremos.
Os políticos não sabem o que fazer. Não tem nada
que valha a pena trocar. O Estado é, concluindo, um mal necessário. De resto, a
propriedade privada dá jeito. Terá erros? Obviamente. O paraíso não existe e
uma sociedade perfeita é coisa para esquerdistas. Capitalistas só querem ganhar
seu dinheirinho e curtir o que os frutos de seu trabalho podem lhe render.
E não esqueçam: esse mundo pode até ser desgraçado!
Mas é o único lugar onde podemos escolher onde comer um bom bife!
Fonte: Lucian de Pauli Jaros é estudante e
blogueiro.
Gaspar Moura dos Santos