Será que não estamos pegando muito pesado com a
esquerda? Essa gente nobre e abnegada, com seu velho discurso de pretensas
boas intenções? Esses trombeteadores de um mundo melhor, cuja
possibilidade está em nossas mãos, desde que cedamos tudo a eles?
Vamos colocar nossas mãozinhas capitalistas na
consciência e refletir um pouco. Será que estamos tão certos e eles tão
errados? Passamos tanto tempo correndo atrás de nossa sobrevivência,
trabalhando, empreendendo, gerando riqueza para nós e para a sociedade como um
todo, enquanto os esquerdistas estão numa luta ferrenha, tendo que viver nesta
sociedade regida pelo capital que eles tanto detestam!
Os europeus chegaram em nossas terras tão puras em
seus galeões opressores e nos fizeram escravos dessa coisa nefanda que é o
comércio. Agora somos todos obrigados a ter coisas que são nossas, conquistadas
por nosso suor. Mundo terrível controlado pelo vil “capital”!
Em esquerdês, o capital é o dinheiro, o “faz-me
rir”, a “bufunfa” e suas consequências deletérias: posses; terras; lucros. O
capital, esse maligno emissário do mal, gera cidadãos bem sucedidos que são os
opressores-mores das sociedades. Coloque-se no lugar desses esquerdistas
do bem, tantas vezes difamados pela direita, e imagine quão difícil deve ser a
vida dessa gente. São autênticos sofredores! Ganhando capital nesta sociedade
opressora, obrigados a acumularem também suas “possezinhas”.
Pense no sacrifício íntimo da esquerda-caviar, de
ter todas aquelas coisas boas e lindas, enquanto o paraíso socialista dista
cada vez mais. Como deve ser difícil para Sean Penn, um dos ícones
esquerdistas de Hollywood, grande admirador do coma-andante Fidel, que lamentou
profundamente o passamento do companheiro Hugo Chaves, fazendo odes de
amor ao regime venezuelano, ter uma praia particular.
Como deve ser difícil para Wagner Moura, ganhar seu
portentoso e merecido salário por ser um ótimo ator, enquanto o capitalismo
triunfa! Imagino como devem sofrer os psolistas beneméritos, quando são
obrigados a voltar todo dia para suas casas/apartamentos nos bairros nobres da
elite golpista.
Meus respeitos aos amigos esquerdistas que tanto
tem sofrido na surdina. Obrigados, enquanto a revolução não chega, a viver sob
a ditadura do capital. Podemos ter intensas divergências, mas reconheço que
deve ser duro. E não os chamarei mais de masoquistas do bem, senão fica
parecendo que eles gostam desse sofrimento todo.
Fonte: Renan Alves da Cruz - Professor de história
e colunista
Gaspar Moura dos Santos