Por Professor
Felipe de Souza
Definimos
Mindfulness como a Psicologia da Atenção Plena, o que significa prestar atenção
ao momento presente, com abertura e curiosidade para a experiência, sem
julgamentos (ou com menos).
Portanto,
falamos em um estado psicológico e em práticas de Mindfulness que visam treinar
esse estado. Por exemplo, preste atenção à sua respiração por alguns instantes.
À entrada e à saída do ar.
Se você
procurar fazer, verá que é uma instrução simples. Note a sua respiração e
pronto. Porém, é provável que alguns segundos depois você perceba pensamentos
sobre o passado e sobre o futuro, sentimentos, julgamentos como “isso é bobo”
ou “isso não faz sentido”, etc.
Uma outra
forma de compreender Mindfulness é como um traço ou característica de
personalidade. Estudos indicam que algumas pessoas teriam mais facilidade para
atingir esse estado do que outras, ao mesmo tempo em que muitos outros estudos
apontam que as práticas de Mindfulness ampliam o estado e podem transformar
esses estados cultivados em um traço, ou seja, em um atributo mais permanente.
Mas para
que? Para que estar nesse estado atento? Esse estado Mindful?
Bem, existem
centenas de benéficos associados. Eu responderei essa pergunta agora de uma
forma bastante simples: Mindfulness nos traz a habilidade de fazer uma única
coisa por vez.
Se você
tentou prestar atenção à sua respiração, terá notado algo muito comum, que é o
fato de que nós acrescentamos – sem na maioria das vezes estarmos conscientes –
às coisas. Estamos notando a respiração, com pensamentos sobre o que faremos
depois, com lembranças, preocupações, músicas talvez, diálogos internos, e
assim por diante.
E se
conseguirmos retirar tudo isso – pensamentos sobre o que faremos depois, com
lembranças, preocupações, músicas talvez, diálogos internos – e ficar ainda que
por alguns instantes só com a respiração?
Para mim,
esta capacidade é praticamente sinônima de felicidade. Pois pense comigo:
quando estamos felizes não é quando não queremos mais nada, quando não
acrescentamos mais nada ao que é e somente vivemos o momento feliz?
Claro que o
objetivo de Mindfulness não é apenas notar a respiração. Notar a respiração é
como um treino para depois conseguir levar a atenção para o que quer que
estejamos fazendo:
– estou
lendo este texto e estou apenas lendo este texto
– estou conversando com um amigo e estou apenas ouvindo quando é para ouvir e falando quando é para falar
– estou estudando e só estudando, trabalhando e apenas trabalhando…
– estou conversando com um amigo e estou apenas ouvindo quando é para ouvir e falando quando é para falar
– estou estudando e só estudando, trabalhando e apenas trabalhando…
Essa pequena
lista pode incluir qualquer comportamento, qualquer atividade. Ao fazer uma
coisa, faço só essa coisa e pronto.
Afinal, qual
é o sentido de tomar banho pensando no trabalho e estar no trabalho pensando em
tomar banho?
Multitarefa
Com as novas
tecnologias, é comum ver a defesa de ser multitarefa como se ser multitarefa –
psicologicamente falando – fosse uma vantagem. Diversos estudos sobre
produtividade comprovam que a eficiência está em fazer uma única coisa e
concluí-la e não começar a fazer cinco coisas e não terminar nenhuma.
(Uma
analogia é a seguinte: um celular com muitas abas abertas fica mais lento.
Quanto mais multitarefa, a tendência é ficar travando).
Imagine. Se
eu, enquanto estou escrevendo, ficar olhando as redes sociais, trocando de
música, atendendo o celular e falando com quem está do meu lado… como vou dar
sequência e terminar o texto? Igual se você começar a ler e parar para fazer
outras coisas…
Além de ser
improdutivo, causa ansiedade ou desconforto ou outra sensação desagradável
(dependendo de cada um), a partir da impressão de que sempre há algo para
fazer, sempre está ficando algo para trás… Além de até afetar a memória: “será
que respondi o e-mail, aquela mensagem, paguei a conta…”
Por outro
lado, se fazemos uma única coisa por vez, teremos mais tranquilidade (ou
felicidade), seremos mais eficazes e eficientes e teremos mais segurança de ter
feito corretamente, e será mais propenso de lembrarmos que fizemos.
Conclusão
Ser simples
não é fácil. Mas não ser tão fácil não é uma desculpa para não ser ou procurar
ser mais simples. Podemos até não ganhar nada. Talvez apenas deixemos de
carregar “em nossas costas” adendos desnecessários.
Fonte:
www.psicologiamsn.com