sábado, 25 de junho de 2016

A felicidade de fazer uma coisa só



Mindfulness e a felicidade de fazer uma coisa só
Por Professor Felipe de Souza
Definimos Mindfulness como a Psicologia da Atenção Plena, o que significa prestar atenção ao momento presente, com abertura e curiosidade para a experiência, sem julgamentos (ou com menos).
Portanto, falamos em um estado psicológico e em práticas de Mindfulness que visam treinar esse estado. Por exemplo, preste atenção à sua respiração por alguns instantes. À entrada e à saída do ar.
Se você procurar fazer, verá que é uma instrução simples. Note a sua respiração e pronto. Porém, é provável que alguns segundos depois você perceba pensamentos sobre o passado e sobre o futuro, sentimentos, julgamentos como “isso é bobo” ou “isso não faz sentido”, etc.
Uma outra forma de compreender Mindfulness é como um traço ou característica de personalidade. Estudos indicam que algumas pessoas teriam mais facilidade para atingir esse estado do que outras, ao mesmo tempo em que muitos outros estudos apontam que as práticas de Mindfulness ampliam o estado e podem transformar esses estados cultivados em um traço, ou seja, em um atributo mais permanente.
Mas para que? Para que estar nesse estado atento? Esse estado Mindful?
Bem, existem centenas de benéficos associados. Eu responderei essa pergunta agora de uma forma bastante simples: Mindfulness nos traz a habilidade de fazer uma única coisa por vez.
Se você tentou prestar atenção à sua respiração, terá notado algo muito comum, que é o fato de que nós acrescentamos – sem na maioria das vezes estarmos conscientes – às coisas. Estamos notando a respiração, com pensamentos sobre o que faremos depois, com lembranças, preocupações, músicas talvez, diálogos internos, e assim por diante.
E se conseguirmos retirar tudo isso – pensamentos sobre o que faremos depois, com lembranças, preocupações, músicas talvez, diálogos internos – e ficar ainda que por alguns instantes só com a respiração?
Para mim, esta capacidade é praticamente sinônima de felicidade. Pois pense comigo: quando estamos felizes não é quando não queremos mais nada, quando não acrescentamos mais nada ao que é e somente vivemos o momento feliz?
Claro que o objetivo de Mindfulness não é apenas notar a respiração. Notar a respiração é como um treino para depois conseguir levar a atenção para o que quer que estejamos fazendo:
– estou lendo este texto e estou apenas lendo este texto
– estou conversando com um amigo e estou apenas ouvindo quando é para ouvir e falando quando é para falar
– estou estudando e só estudando, trabalhando e apenas trabalhando…
Essa pequena lista pode incluir qualquer comportamento, qualquer atividade. Ao fazer uma coisa, faço só essa coisa e pronto.
Afinal, qual é o sentido de tomar banho pensando no trabalho e estar no trabalho pensando em tomar banho?
Multitarefa
Com as novas tecnologias, é comum ver a defesa de ser multitarefa como se ser multitarefa – psicologicamente falando – fosse uma vantagem. Diversos estudos sobre produtividade comprovam que a eficiência está em fazer uma única coisa e concluí-la e não começar a fazer cinco coisas e não terminar nenhuma.
(Uma analogia é a seguinte: um celular com muitas abas abertas fica mais lento. Quanto mais multitarefa, a tendência é ficar travando).
Imagine. Se eu, enquanto estou escrevendo, ficar olhando as redes sociais, trocando de música, atendendo o celular e falando com quem está do meu lado… como vou dar sequência e terminar o texto? Igual se você começar a ler e parar para fazer outras coisas…
Além de ser improdutivo, causa ansiedade ou desconforto ou outra sensação desagradável (dependendo de cada um), a partir da impressão de que sempre há algo para fazer, sempre está ficando algo para trás… Além de até afetar a memória: “será que respondi o e-mail, aquela mensagem, paguei a conta…”
Por outro lado, se fazemos uma única coisa por vez, teremos mais tranquilidade (ou felicidade), seremos mais eficazes e eficientes e teremos mais segurança de ter feito corretamente, e será mais propenso de lembrarmos que fizemos.
Conclusão
Ser simples não é fácil. Mas não ser tão fácil não é uma desculpa para não ser ou procurar ser mais simples. Podemos até não ganhar nada. Talvez apenas deixemos de carregar “em nossas costas” adendos desnecessários.
Fonte: www.psicologiamsn.com
Gaspar Moura dos Santos