Ministro da Justiça pede apuração sobre reportagem de Carta Capital
Parlamentares foram investigados sem autorização do
STF e buscas foram simuladas. Contadora era agente infiltrada e provas foram
vazadas à imprensa
O ministro da Justiça, Eugênio Aragão, encaminhou à
direção da Polícia Federal e ao Ministério Público Federal uma solicitação para
que seja apurado o conteúdo da reportagem de CartaCapital que revelou os
bastidores da operação Lava Jato.
A matéria Os segredos de Meire Poza mostra que uma busca e apreensão
foi forjada, parlamentares foram investigados no início da operação sem
autorização do Supremo Tribunal Federal, documentos confidenciais foram vazados
à imprensa e que a contadora e ex-braço direito do doleiro Alberto Youssef foi
usada como agente infiltrada.
Carta Capital obteve
com exclusividade quase 200 páginas de
transcrições de conversas e duas dezenas
de e-mails entre a contadora e integrantes da força-tarefa. A relação entre
Poza e os investigadores funcionava da seguinte maneira: a contadora
encaminhava documentos e fornecia informações ainda protegidas por sigilo. A
colaboração “informal” ganhou elogios de Anselmo. “Vc deveria fazer concurso
pra PF”, escreveu no WhatsApp.
Em outra conversa, ela informa que uma ex-namorada
de um investigado gostaria de conversar com ela, mas pessoalmente. A
interlocutora diz ter receio de falar por telefone, com medo de grampos. A um dos investigadores,
Meire debocha: “Eu sou o grampo kkkk”.
Em um diálogo de 16 de maio de 2014, a contadora e
Anselmo citavam abertamente nomes de políticos. Por causa da prerrogativa de
foro privilegiado, as investigações não poderiam ter seguido na primeira
instância. Necessitavam de autorização do Supremo Tribunal Federal.
“Vixi tem muito político...”, anota ela em uma das
trocas de mensagem. Poza continua: “No dia 12 ou 13 de março por exemplo ele
estava a noite com o Renan Calheiros pra acertar a colocação da debenture na
Postalis”.
O trabalho da informante rendia à força-tarefa informações
privilegiadas, inclusive da defesa dos investigados. Em junho daquele ano, a
contadora confidenciou à Polícia Federal que Youssef e o ex-diretor da
Petrobras Paulo Roberto Costa haviam decidido fechar suas delações premiadas.
Em uma das conversas com Prado, em 25 de
junho de 2014, Poza diz ter sido informada por alguém próximo aos investigados
que os dois aguardavam apenas o retorno de férias do advogado do doleiro para
avançar na discussão da colaboração com a justiça.
“Hmmmmmmm... Tem uma boa... A xxxxxx
disse que o Beto e o Paulo Roberto estão só esperando o Adv do Beto voltar de
férias pra tentarem um acordo”. Os depoimentos da cooperação judicial do
ex-diretor da Petrobras foram iniciados em agosto e os de Youssef, em outubro
daquele ano. A PF não quis comentar a reportagem.
Fonte: yahoo.com