Prezados,
gostaria de apresentar uma breve reflexão sobre um tema atual que tem
despertado uma calorosa discussão nas redes sociais: armar ou não a população.
Atualmente é bem evidente que, diante uma criminalidade epidêmica, alguns
clamem pelo direito de se armar, vendo nisto uma possibilidade de auto-defesa e
de redução da violência.
No
entanto, pelo que conheço, não existe evidência científica que mostre que armas
reduzam a violência. Muito pelo contrário, entre os ditos países de primeiro
mundo, há indicativos que aqueles nos quais as armas encontram-se banidas
(Japão e Reino Unido) apresentem menor criminalidade do que aqueles permissivos
(EUA) .
De fato,
a melhor estratégia para redução da criminalidade é dar qualidade de vida à
população. Diria que cobrar virtudes de uma população que não consegue viver de
forma digna é algo até cruel….mas este não é o meu principal ponto aqui.
Partindo
da premissa do esclarecimento desta questão, a pergunta que fica é: como
explicar o desejo por armas por grande parte da população?
Antes de
refletir sobre esta pergunta, convido vocês tentarem retomar os discursos
dentre aqueles fervorosos defensores do armamento. Percebam que nas
argumentações destes é muito fácil identificar o sentimento de *impotência*
diante de uma possível ameaça, seja ela real ou não. Para mim, está aí a
resposta.
A partir
das obras de Freud, é possível inferir que este desejo por armas reflita alguns
impulsos instintuais mais primitivos do ser humano, relacionados ao local para
qual a libido, ou seja a energia sexual, é direcionada.
Tudo tem
origem ainda na primeira infância, durante a fase de narcisismo infantil,
quando os instintos de auto-sobrevivência são bem evidentes. Nesta época, as
crianças têm na presença ou ausência do pênis um objeto de grande
identificação. Daí, como parte de um processo de auto conhecimento, se
desenvolve, naturalmente, um complexo de castração, em que afloram sentimentos
de prazer, poder e medo. A medida que crescemos, nossa libido é direcionada a
outros objetos, de forma que chegamos assim à vida adulta.
No
entanto, este narcisismo infantil pode ainda persistir com maior ou menor
expressão na vida psica adulta, assim como o próprio complexo de castração. Ou
pode ser retomado a partir da transferência da libido para o próprio ideal de
Eu.
Enfim, a
resposta para mim é evidente!
O desejo
por uma arma simboliza o poder que representa o próprio falo, ou a angústia da
impotência que representa a falta dele.
Prezados,
Freud explica!
Fonte:
Ideias Imperfeitas