Presidente Jair
Bolsonaro participa de cerimônia em homenagem ao Dia do Exército 17/04/2019
REUTERS/Adriano Machado Foto: Reuters
Oficiais-generais
avaliam que presidente não recupera mais capital político após saída de Sérgio
Moro do Ministério da Justiça
Oficiais-generais
ouvidos pelo Estado avaliaram que o governo de Jair Bolsonaro terá
dificuldades de se levantar após a despedida de Sérgio Moro do cargo de
ministro da Justiça. Eles se disseram "perplexos" e
"chocados" com as declarações do ex-juiz da Lava Jato acusando o
presidente de interferência na Polícia Federal e fraude.
Um
dos militares disse que Bolsonaro virou, no mínimo, um "zumbi" no
Palácio do Planalto e Moro saiu ainda maior na sua condição de
"ícone" da nova política. "Tudo tem limite", afirmou um dos
generais à reportagem. Outro disse que o presidente cometeu "suicídio"
e não recupera mais seu capital político.
O
tamanho do problema ainda está sendo avaliado, mas todos ressaltam que as
consequências são "imprevisíveis". O que joga principalmente contra
Bolsonaro, neste momento, é a credibilidade de Sérgio Moro. Portanto, mesmo que
o governo ou o Palácio tente exigir que o ex-juiz da Lava Jato prove o que
falou a credibilidade de Moro e o seu comportamento têm peso muito mais forte e
fala por si.
À
reportagem, os militares avaliaram que os sinais dados por Bolsonaro, além da
questão da sucessão e interferência na Polícia Federal, são
"péssimos" e se movimentam no rumo de setores da política
"nefastos", isto é, a "velha política" que ele mesmo
condenou.
Dois
oficiais lamentaram que o projeto de país que se estava tentando construir,
mesmo com os percalços, foi enterrado com o discurso "forte" de
Sérgio Moro. Eles disseram que o presidente destruiu várias pontes de
governabilidade que estavam sendo construídas. E, pior, fez um gesto político
de pressionar Moro, que não é Luiz Henrique Mandetta, demitido na semana
passada do Ministério da Saúde. E, pior, colocou o País em nova crise política,
num momento de grave pandemia do coronavírus.
Os
oficiais-generais chegaram a lamentar que estejam nesse processo político - no
governo - "até o pescoço" e, agora, não sabem ainda como sair da
encruzilhada em que se meteram. A situação toda é muito delicada, eles dizem.
Todos deixaram claro que o momento político exige reflexão. Mas observam que a
demissão de Moro, e como ocorreu, põe o Congresso e a sociedade no debate de um
impeachment.
Eles
lembraram que têm um compromisso constitucional com o Estado e que, por isso,
não abandonam o barco. À reportagem, constataram ainda que um processo de
afastamento do presidente é um caminho "longo" e "difícil"
de ser executado. Por isso, prevalece a opinião na caserna que o destino de
Bolsonaro pode ser mesmo o de seu antecessor, Michel Temer - um zumbi após as
acusações que envolviam o grupo JBS.
Tânia Monteiro /
Terra Notícias