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A Coreia do Sul registrou 75 mortes por
covid-19 até o último dia 15, entre mais de 8 mil infectados
O coronavírus se tornou oficialmente uma pandemia
na quarta-feira (11/3), após um anúncio da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Naquele dia, o vírus já estava
presente em 114 países, com mais de 115 mil pessoas infectadas e mais de 4 mil
mortes registradas. China, Itália, Irã e Coreia do Sul são os países mais
afetados pela propagação do vírus.
Para tentar impedir que o vírus
alcance mais pessoas, os governos locais tomaram medidas drásticas.
A China, por exemplo, isolou várias
cidades com milhões de habitantes e construiu hospitais em menos de uma semana
para lidar com a emergência, enquanto o governo italiano decretou isolamento em
todo o território peninsular. Os resultados têm sido diversos. Enquanto na
China as medidas parecem ter conseguido frear o avanço acelerado do vírus, na
Itália, os números de infectados e de mortes não param de crescer em escala
exponencial.
Mas há um caso que está sendo tomado
como exemplo de como lidar com o problema: o da Coreia do Sul.
Apesar de ter um alto número de casos
diagnosticados (8.162, o quarto mais alto do mundo), o número de mortes no país
até 16 de março foi de 75. Esse dado representa uma taxa de letalidade de 0,9%
— menor que as taxas de Estados Unidos, Itália e Irã.
Mas como a Coreia do Sul reagiu à
epidemia de coronavírus? E o que outros países podem aprender com ela?
"A Coreia do Sul realizou uma
campanha agressiva para combater o vírus. Disponibilizou todo o seu sistema de
saúde para diagnosticar a presença da covid-19 nos habitantes de áreas críticas
do país", explica Bugyeong Jung, jornalista do serviço coreano.
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Daegu é a cidade onde o surto começou na
Coreia do Sul
Há um exemplo interessante sobre
isso: Estados Unidos e Coreia do Sul anunciaram o primeiro caso de coronavírus
em cada um deles no mesmo dia, 20 de janeiro. Mas até a semana passada, os americanos
tinham feito teste em 4,3 mil pessoas em seu território. Já o país asiático
chegou a 196 mil testes no mesmo período.
"Este método, embora tenha sido
descrito como invasivo, conseguiu salvar vidas", acrescenta Jung.
Diagnóstico
massivo
Quando a epidemia eclodiu, no final
de 2019, no norte da China, os países vizinhos seriam os primeiros onde o novo
vírus chegaria.
Em 20 de janeiro, a Coreia do Sul
confirmou a notícia do primeiro caso de coronavírus.
Logo, o sistema de saúde sul-coreano
detectou a origem da epidemia em seu território: a cidade de Daegu, no norte,
onde três quartos do total de casos foram registrados.
Desses, 63% dos casos de contágio
estavam relacionados ao grupo religioso Igreja de Jesus de Shinchonji, um culto
dedicado a expandir a ideia de que seu fundador, Lee Man-hee, é a segunda
encarnação de Jesus Cristo.
"A Coreia do Sul está preparada
para lidar com essa epidemia desde o ano passado, quando teve que lidar com a
Mers (outra síndrome respiratória)", diz Jung.
A estratégia, coordenada pelo
Ministério da Saúde, foi estabelecida desde o primeiro dia: o objetivo era
criar uma rede abrangente de diagnóstico e de redução da taxa de mortalidade.
"Detectar o vírus em seus
estágios iniciais é essencial para poder identificar as pessoas infectadas, e,
assim, impedir ou atrasar sua disseminação", disse à CNN Park Neunghoo,
ministro da Saúde do país.
"Isso também nos permitiu
planejar adequadamente os cuidados de saúde, porque apenas 10% dos infectados
precisam de hospitalização", acrescentou.
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Além dos testes rigorosos para detectar os
infectados, também existem sessões de limpeza em trens, metrôs e ônibus da
Coreia do Sul
Para especialistas, o método usado
pela Coreia do Sul é o mais eficaz, pois permite a obtenção de um panorama mais
amplo sobre a disseminação do vírus.
"A Coreia do Sul monitora 10 mil
pessoas por dia, muitas das que tiveram resultados positivos apresentaram
sintomas leves", explica Benjamin Cowling, professor de epidemiologia da
Universidade de Hong Kong.
Críticas
Mas a estratégia sul-coreana também
enfrenta críticas.
Como aponta o jornalista Hyung Eun
Kim, o volume de informações que o governo revelou à população — o que inclui
saber se o seu vizinho de porta tem coronavírus — foi recebido com objeções.
"Existe um medo social que criou
muitos momentos estranhos entre pessoas de várias cidades. O tempo todo a
população recebe informações sobre pessoas infectadas em seus telefones
celulares", diz o repórter.
"Isso também levou muitos a
pedir ao governo para não divulgar seus dados pessoais, pelas implicações que
isso possa ter", acrescenta.
A estratégia do país parece estar
funcionando: o número de infectados diminuiu nos últimos 11 dias, o que fez o
governo pensar que a epidemia já havia "atingido seu ponto mais alto"
e estava sendo controlada.
No entanto, nesta quarta-feira, o
próprio ministro da Saúde observou que 90 novos casos foram diagnosticados, o
que aumentou novamente a taxa de infecções no país.
O principal motivo foi a detecção de
um foco de infecção em um call center localizado na capital do país, Seul.
"As infecções conhecidas neste
call center podem ser o início de uma nova onda que leva a um surto regional e
à propagação da epidemia", disse Park, em comunicado.
Fonte: BBC Brasil