Centrais têm como principais críticas a PEC 241, que limita os gastos
públicos
O movimento sindical afirma que a decisão do
Supremo Tribunal Federal (STF) de permitir ao poder público cortar os salários
de servidores em greve não vai impedir que continuem em
protesto contra medidas do governo Michel Temer que consideram prejudiciais aos
trabalhadores, como a proposta de reforma da Previdência.
"Nossa categoria não é de recuar com esse tipo
de intimidação", disse Sérgio Ronaldo da Silva, da Confederação dos
Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), ligada à Central Única dos
Trabalhadores (CUT). A entidade reúne 36 sindicatos que representam 61,5% dos
1,3 milhão de servidores públicos federais.
No dia 11/11/2016, estão marcadas paralisações de diversas
categorias, como parte de uma estratégia das organizações dos trabalhadores
para mobilizar uma greve geral no país. Além da reforma da Previdência, as
centrais têm como principais críticas a PEC 241, que limita o crescimento das
despesas públicas à inflação pelos próximos 20 anos, a renegociação das dívidas
dos Estados e municípios, a medida provisória que altera o ensino médio, a
reforma trabalhista, que envolve a terceirização em todas as atividades e a
flexibilização da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
"A decisão do STF tem um impacto pesado porque
faz com que muitas pessoas repensem em aderir às mobilizações", afirmou
Silva. "Como decidimos pela greve geral e estamos preparando a categoria
para enfrentar todo esse desmonte, eles estão dando o recado: 'Façam, mas a
consequência será o corte dos salários'. É uma sintonia dos três Poderes contra
a classe trabalhadora", criticou.
A maioria dos ministros do STF acompanhou o
entendimento do relator, Dias Toffoli, para quem não deve haver descontos
somente nos casos em que a paralisação for motivada por quebra do acordo de
trabalho por parte do empregador.
O ministro Gilmar Mendes
destacou o "tumulto enorme" provocado pela greve de peritos do INSS e
pelas paralisações nas universidades, que se arrastam por meses. "Essas pessoas
têm o direito de ter o salário assegurado? Isso é greve, é férias, o que é
isso? Não estamos falando de greve de um dia. A rigor, funcionário público no
mundo todo não faz greve. O Brasil é um país realmente psicodélico",
disparou Mendes.
O ministro citou, com ironia, o ex-presidente Lula
e questionou se as paralisações em que funcionário público não sofre sanções
equivaleriam a férias. "A greve, no mundo todo, envolve a suspensão do
contrato imediato. Quem dizia isso era o insuspeito presidente Lula. Greve
subsidiada, como explicar?"
A última grande greve dos servidores públicos foi
dos médicos do INSS que ficaram quase 140 dias parados - a paralisação se
encerrou em janeiro. No período, 2,1 milhões de perícias deixaram de ser
feitas. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
Fonte:
noticias.uol.com.br