Pulsões
de vida e morte
Por Roney
Moraes
“Uma pulsão é um impulso, inerente à vida orgânica,
a restaurar um estado anterior de coisas, impulso que a entidade viva foi
obrigada a abandonar sob pressão de forças perturbadoras externas” – Freud –
Olhar uma situação trágica livre de preconceitos é
extremamente difícil. Mesmo profissionais que lidam diariamente com o
noticiário violento não estão isentos de sensações, indiferenças e julgamentos
precoces sob determinado ato, considerado por grande parte da população,
“abominável”. Aqui jaz um julgamento sobre a morte.
A psicanálise disponibiliza esse olhar – sem
discriminação – para as dores da alma. Tanto o suicídio, assassinato e
acidentes fatais são observados com cautela e, em alguns casos, com possíveis
caminhos para o entendimento de uma ação que culmina no rompimento com a vida.
Tentar entrar num campo minado por especulações é
uma tarefa perigosa para qualquer pesquisador, mas, poderemos não pisar em ovos
ao citar algumas teorias sem a pretensão generalizadora ou verdade inviolável.
Há dois problemas aqui: o homicídio e o suicídio.
A responsabilidade deveria ser avaliada, conforme o
ato, a partir da identidade pessoal e da pluralidade cultural, pois, segundo a
psicanálise, a implicação do inconsciente divide o sujeito de sua identidade e
do meio social. Então questionaremos que força externa ou interna (consciente
ou inconsciente, neurótica, psicótica ou perversa) desencadeou a ação e quem a
realizou?
Por isso, a psicanálise se interroga a respeito de
novos sintomas e do mal-estar na atualidade. É possível que ela possa ajudar a
alcançarmos algumas ideias sobre a questão da violência em nosso tempo,
propondo mecanismos para sua compreensão por meio do inconsciente e da
satisfação pulsional.
Temos impulsos originários que supomos existir por
trás das tensões. São exigências físicas resultantes do “combate” antagônico
das forças psíquicas. Em outras palavras, Impulso de Morte e Pulsão de Vida
(Thanatos e Eros) são estas as hipotéticas combinações fundamentais que
estariam em combate constante e influenciam na sobrevivência humana.
As pulsões trabalhariam sempre em oposição umas às
outras e essas forças destrutivas seriam desviadas para fora pela Pulsão de
Vida na forma de agressão, ajudando o organismo a manter-se protegido ou até
liberando uma ação agressiva contra outros.
Quando uma pulsão sobrepõe-se à outra – fora do
jogo de equilíbrio – acontece a ação. Segundo, Iris Letícia Lage, no artigo
“Reflexões Psicanalíticas sobre o Suicídio”, o ato suicida é visto em parte,
como um evento onde a Pulsão de Morte prevalece em relação à Pulsão de Vida.
Então, entre o homicídio (violência) e o suicídio,
estão as pulsões e não há proibição suficiente para impedir tais episódios
brutais, uma vez que, para a psicanálise, a própria lei (que proíbe a
violência) tem suas origens nos interesses violentos de um grupo de indivíduos.
Também, ela, a psicanálise, vê a morte (suicídio)
como um parto ao contrário, onde se deseja o retorno ao útero materno.
O que fazer? Como lidar com essas questões? Com a
morte ou com a vida? Cuidar, agir e refletir. Estes sãos os primeiros passos. E
estamos caminhando… Aqui e agora!
Fonte: www.fasdapsicanalise.com.br
Fonte: www.fasdapsicanalise.com.br